A Hiscox divulgou os resultados do seu estudo anual que avalia o nível de preparação das empresas face a ameaças cibernéticas e em que 70% das empresas inquiridas afirmaram já terem integrado IA generativa nas suas operações. O ‘Relatório de Ciberpreparação 2024’ mostra ainda que 64% das organizações acreditam que esta tecnologia será fundamental na definição da abordagem à cibersegurança, até 2030; neste estudo, 67% dos líderes empresariais entrevistados afirmaram que o investimento em tecnologia de ponta é uma das suas «principais prioridades».
Ana Silva, underwriter & head of professional & financial lines na Hiscox, acredita que a IA generativa vai «desempenhar um papel cada vez mais complexo e determinante na cibersegurança das empresas nos próximos anos». A responsável lembra ainda que o estudo mostra haver uma «adopção acelerada» desta tecnologia, mas também uma «consciência clara de que a IA generativa traz tanto oportunidades como novos desafios». A responsável destaca que o mercado «está a evoluir da simples reacção à ameaça para uma abordagem mais estratégica, onde a IA pode ser usada de forma proactiva para reforçar a protecção», nomeadamente na «detecção de padrões anómalos em tempo real, na antecipação de comportamentos suspeitos, na automatização de respostas a incidentes e na redução do tempo de exposição a riscos».
Nem tudo são “rosas”
Ana Silva alerta que 56% dos entrevistados acreditam que esta tecnologia terá um «impacto significativo no seu perfil de risco»; a principal preocupação prende-se com o facto de que «um terço das empresas não terem competências suficientes para gerir os riscos associados» a esta tecnologia e outras tecnologias emergentes. «Este défice de preparação é alarmante, porque expõe as organizações a ataques mais sofisticados — incluindo aqueles que utilizam a própria IA generativa para criar fraudes mais convincentes, automatizar ataques e explorar falhas com maior eficácia», acrescenta a responsável.
Na visão da Hiscox, o futuro da cibersegurança passa «necessariamente por uma integração inteligente da IA generativa com outras ferramentas e, sobretudo, com o factor humano», pois apesar de todo o poder da tecnologia, a cibersegurança «continua a depender de decisões humanas, da formação contínua das equipas e de uma cultura organizacional que dê prioridade à prevenção e à responsabilidade partilhada».
Danos reputacionais
Por outro lado, Ana Silva realça o «impacto crescente dos ciberataques na reputação das empresas», especialmente no que diz respeito à «perda de confiança da marca e à dificuldade em atrair e reter clientes». A head of professional & financial lines esclarece que, «embora seja habitual associar os ciberataques a prejuízos financeiros ou operacionais, o relatório evidencia que quase metade das empresas atacadas (47%) reportam maiores dificuldades em conquistar novos clientes e que 43% perderam clientes como consequência directa desses incidentes», o que leva a seguradora a indicar que os danos reputacionais se estão a tornar uma «consequência tão crítica quanto os impactos financeiros imediatos».
Ana Silva sublinha que o Relatório de Ciberpreparação 2024 evidencia que a cibersegurança «já não é apenas uma questão técnica, mas uma prioridade estratégica essencial à sustentabilidade e à confiança no negócio».