Reportagem

Porto Tech Hub materializa ligação mundo académico e empresarial

A 9.ª edição da Porto Tech Hub Conference reuniu mais de 1400 participantes e trinta empresas parceiras na Alfândega do Porto, com destaque para palestras, workshops práticos e networking. O evento reforçou a ligação entre o mundo académico e empresarial, promovendo a partilha de conhecimento e inovação tecnológica.

© Porto Tech Hub

Mais de 1400 participantes, trinta parceiros e uma programação que incluiu quase 25 palestras e quatro workshops práticos. Estes foram os números da 9.ª edição da Porto Tech Hub Conference, um evento que a organização pretende colocar, não só na agenda do ecossistema tecnológico nacional, mas também na do internacional. Na Alfândega do Porto, Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub, sublinhou o impacto crescente da iniciativa: «Temos tentado, ao longo destes nove anos, criar impacto na cidade, na região e no ecossistema do Norte. Não só trazendo oradores internacionais, mas igualmente dando visibilidade a oradores nacionais. Algo muito importante que promovemos nesta conferência é a partilha de informação, até porque a tecnologia muda muito rapidamente e é difícil estarmos sempre na crista da onda».

A abertura esteve a cargo de Stephen Chin, vice-presidente de relações com programadores da JFrog, que apresentou a palestra ‘Give Your LLMs a Left Brain’, na qual recorreu a uma analogia com o cérebro humano para explicar como os large language models (LLM) funcionam. Na visão de Stephen Chin, enquanto o cérebro humano possui dois hemisférios – o direito, associado à criatividade e intuição, e o esquerdo, à lógica e análise – a IA, de forma similar, tem forças e limitações dependendo da tarefa. O especialista destacou que, embora a IA generativa seja excelente para tarefas criativas, enfrenta um grande desafio em termos de precisão e actualização das informações.

Entre os oradores, destaque ainda para Nicolas Fränkel, que abordou o desafio de manter a segurança em ambientes corporativos complexos, com centenas de aplicações e múltiplos acessos, enquanto Kim van Wilgen apresentou estratégias práticas para liderar equipas auto-organizadas em ambientes dinâmicos. Já Sander Hoogendoorn explorou o conceito de “desbloqueio” organizacional na era pós-Agile, dando exemplos concretos de ferramentas que podem promover a inovação contínua.

Colocar as mãos na massa
Os workshops, apelidados de ‘deep dives’ por Samuel Santos, vice-presidente da Porto Tech Hub, permitiram que os participantes aprofundassem conhecimentos em áreas como a computação quântica, a arquitectura de sistemas, a data sciencea , cloud e as ferramentas de desenvolvimento de IA generativa. Samuel Santos mostrou-se particularmente fã deste conceito, já que, desta forma, os participantes «podem levar os computadores e aprender e tirar as dúvidas na hora».

Um aspecto particularmente enfatizado, quer por Luís Silva, quer por Samuel Santos, foi a necessidade de fazer a ponte entre o mundo académico e empresarial, algo que, de resto, faz parte da “missão” da Porto Tech Hub: «Hoje, já há uma maior consciencialização da importância de aproximar o mundo académico, de inovação e empresarial. Temos muito talento aqui no Porto, que termina o ensino superior muito bem preparado e com essa mentalidade já imbuída. Aliás, a associação fez uma parceria com o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), que resultou na criação de quatro cursos de pós-graduação, dois dos quais focados na especialização de profissionais já inseridos no mercado, financiados parcialmente pela Fundação Santander.

Portugal tem «espírito empreendedor»
Além do conteúdo técnico, o evento destacou-se pela oportunidade de networking e pela promoção de um espírito empreendedor. Luís Silva reconheceu a evolução desta mentalidade no País: «Aquilo a que tenho assistido, sobretudo nos últimos anos, é a pessoas a saírem das empresas e a constituírem a sua própria startup. Isto era uma coisa impensável há alguns anos; havia o receio de perder um lugar que porventura já era muito digno dentro da estrutura organizacional».

O futuro da Porto Tech Hub Conference está já delineado, com a 10.ª edição marcada para 7 de Outubro de 2025. Samuel Santos lembrou ainda que esta nona edição «ultrapassou as expectativas» da organização e «reflectiu a relevância» do evento para a cidade. «Para a próxima edição, na qual comemoramos o nosso décimo aniversário, o objectivo é continuar a estar na linha da frente da tecnologia e a dinamizar esta comunidade», concluiu o responsável.

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