Com o tema ‘The Digital Business Impact of AI Everywhere’, o IDC Directions de 2024 contou com a presença de cerca de 1900 participantes e foi o maior de sempre. Para isso, contribuiu o aumento da duração para dois dias, algo que Gabriel Coimbra (na foto), group vice president e country manager da IDC Portugal, realça ser importante para «fomentar o networking» e permitir aos parceiros «rentabilizar a área de exposição».
No evento, a consultora indicou que o mercado de TI em Portugal vai crescer «6,9% este ano totalizando 13,9 mil milhões de euros» e o responsável explica por que motivo: «Em 2024, continua a haver investimento, ou seja, o crescimento continua e é até maior que o que prevíamos (4%), muito influenciado pela necessidade das organizações fazerem a transformação digital. Este continua a ser o principal driver no sector privado e no sector público».
A inteligência artificial, particularmente a IA generativa, está a emergir como um dos «principais aceleradores do mercado», com a IDC a estimar que as empresas portuguesas invistam cerca de 79,8 milhões de euros em IA, este ano, representando um crescimento de 33,4% em relação a 2023. Além disso, a cloud deverá crescer «mais de 20% em Portugal e chegar quase a mil milhões de euros», em 2024. O mercado de soluções de cibersegurança também deverá crescer mais de 15%, reflectindo a «crescente preocupação com segurança e conformidade regulamentar».
Para 2025, o responsável avança que o mercado vai «continuar a crescer 6% ao ano», apesar da «enorme volatilidade geopolítica» e dos «sinais preocupantes das grandes economias europeias». Gabriel Coimbra diz que «não se vai ver o investimento desenfreado em tecnologia» que existiu na pandemia. No entanto, os investimentos em TI vão «continuar a superar, em grande escala, o crescimento da economia». Isto porque «trazem vantagens competitivas e conseguem criar mais valor que vão além do crescimento da economia», acrescenta.
O impacto da IA
Nesta edição, a consultora apresentou o estudo ‘The Global Impact of Artificial Intelligence on the Economy and Jobs’ em que revelou que a despesa das empresas para adoptar e utilizar IA vai ter um impacto económico global acumulado de 17,6 biliões de euros e impulsionar 3,5% do PIB global, em 2030.
Gabriel Coimbra indica que, nesta data, «cada novo euro gasto em soluções e serviços de IA relacionados com as empresas irá gerar 4,60 euros na economia global, em termos de efeitos indirectos e induzidos» e que o mercado nacional não é excepção, apesar de não existirem valores concretos para o País: «Acreditamos que, em Portugal. também vamos ver essa evolução. Quando perguntamos às organizações quais são as principais tecnologias que estão no seu radar, claramente a IA aparece no topo, mas ainda vemos um atraso das organizações nacionais em relação às mundiais, principalmente na maturidade daquilo que são as fundações para conseguir implementar uma inteligência artificial que seja escalável. A IA vai ser, sobretudo, usada numa lógica de aumentar a produtividade, mas acreditamos que daqui a dois ou três anos vamos começar a ver a tecnologia a criar valor e a ser utilizada em Portugal para as empresas se diferenciarem na relação com o cliente e na criação de novos produtos e serviços».
Colmatar as lacunas de competências
A IDC estima também que a procura por talentos em IA deverá crescer mais de 20% ao ano, em Portugal, até 2026, e o responsável indica à businessIT que a escassez de profissionais vai continuar nomeadamente na análise de dados (11%), na cibersegurança (10%) e na área de desenvolvimento de software (8%)». Desta forma, o «grande desafio não é só ter capacidade de investimento para comprar tecnologia, mas conseguir ter os recursos necessários para fazer com que os projectos aconteçam».
Esta lacuna de competências poderá ser mitigada, além de por formação e reconversão, através de «parcerias estratégicas com fornecedores de serviços» como «cloud providers, integradores ou consultoras».