A IA e as mudanças regulatórias
Como se prepara um banco para as mudanças regulatórias relacionadas com o uso de IA? Ricardo Chaves admite que a legislação é seguramente importante para garantir que esta tecnologia é bem aplicada, designadamente, que é usada de forma transparente e sindicável, em benefício dos clientes, sem preconceitos nem desvios eticamente questionáveis. «Entre a legislação da privacidade de dados, a própria regulamentação bancária e o mais recente AI Act, podemos dizer que a União Europeia é, de longe, o mercado onde a regulação aplicável será mais exigente». Do lado do BPI, o responsável assume estar preparado para respeitar a actual e a futura regulação, assim como garantir que a transparência e a confiança serão sempre uma parte integrante da experiência com IA: «Existe alguma preocupação no sector quanto ao efeito “burocratizante” que é muitas vezes um efeito colateral destas iniciativas regulatórias e que podem colocar um entrave à inovação e à adoção, tornando os bancos europeus menos competitivos do que os de outros espaços económicos».
Reimanginar a estratégia de IA
A Accenture garante ser a líder global no investimento em AI e Gen AI, tendo investido mais de três mil milhões de dólares em soluções para os clientes, recordou, à businessIT, Emanuel Agostinho, managing director da Accenture e responsável pela área de strategy & consulting, em Portugal. Este investimento massivo reflecte-se em soluções específicas para o sector bancário, onde a empresa tem focado esforços para ajudar os bancos a reimaginar a sua estratégia de IA. «No que concerne o sector bancário, o foco tem sido em ajudar os clientes a repensar a sua estratégia de AI, mais concretamente na introdução de modelos de Gen AI na sua actividade para melhorar a sua produtividade», explica Emanuel Agostinho.
A implementação destas soluções traduz-se em várias frentes, desde a personalização de ofertas até à eficiência em processos internos. «A criação de conteúdo personalizado com base nos dados de cliente, a redução do tempo necessário no processo de ‘due diligence’, a melhoria das árvores de IVR (interactive voice response) e a automatização do processo de pesquisa e sistematização da informação são alguns dos exemplos de como estamos a aplicar Gen AI no sector bancário», detalha Emanuel Agostinho.
Questionado sobre exemplos concretos de sucesso, o managing director da Accenture não hesita em listar as áreas de intervenção: «Temos apoiado os nossos clientes do sector em toda a cadeia de valor, em áreas que vão da estratégia, às operações, às TI ou aos recursos humanos. A transformação das operações com a optimização de processos e actividades, a automatização de respostas no apoio ao cliente e a análise financeira para constituição de portfólios de clientes de retalho são áreas onde temos feito uma diferença significativa».