A Autodoc nasceu na Polónia em 2008 e estabeleceu-se no mercado nacional no ano passado com um tech hub, em Oeiras. Actualmente, a retalhista online de peças e acessórios para automóveis está presente em dez países, tem três centros de distribuição (Alemanha, Polónia e República Checa) e emprega mais de cinco mil colaboradores – duzentos, em Portugal. A empresa tem tido um «crescimento sustentado e, hoje é rentável», avançou Dmitry Zadorozhny, CEO da Autodoc SE e director-geral da Autodoc Portugal.
O responsável assumiu que a empresa é uma «tecnológica» e que já são «auto-suficientes em termos de soluções tecnológicas, o que permite ter «flexibilidade» e «reagir rapidamente às necessidades dos clientes». O centro tecnológico nacional foi «um passo bem-sucedido» e está «a reflectir-se no desempenho» da Autodoc, segundo o responsável. Lennart Schmidt, CFO da Autodoc SE, revelou que, um ano após a deslocalização para Portugal, é «possível dizer que foi uma decisão fundamental, já que ajudou a um crescimento global de 16% em 2023, que corresponderam a receitas de 1,3 mil milhões de euros». O director financeiro referiu ainda que «não foram muitos os operadores de comércio electrónico que registam um crescimento e uma rentabilidade de dois dígitos» no ano passado.
Operação nacional a crescer
Por cá, a Autodoc teve uma taxa média anual de crescimento da actividade de 29% entre 2018 e 2023; no ano passado, a região que inclui Portugal, Espanha e Itália representou «14% das receitas totais da empresa», destacou Lennart Schmidt. A empresa planeia contratar «mais 150 colaboradores em Portugal» e Dmitry Zadorozhny adiantou que a «taxa de retenção é elevada» e que é «possível a abertura de um novo espaço, no Porto, num coworking».
O tech hub de Oeiras está a ajudar a Autodoc a «fazer uma transformação tecnológica» de uma «plataforma monolítica» para uma «arquitectura robusta, escalável e orientada para os serviços», para permitir que as equipas sejam «autónomas e rápidas». O CEO revelou que a empresa está a «tentar elevar a liderança», uma vez que havia uma «grande lacuna ao nível da gestão intermédia» no centro tecnológico – o objectivo é criar uma «simbiose entre as equipas de produto e tecnologia, contratando gestores de produto e gestores de engenharia de produto que trabalham em conjunto».
Ao nível da tecnologia, além de diversas linguagens de programação, a Autodoc usa machine learning em diversas áreas e está a «implementar IA generativa para criar alguns conteúdos e no apoio ao cliente» – a empresa já conseguiu que «15% dos pedidos sejam respondidos por ferramentas de inteligência artificial». Dmitry Zadorozhny lembrou que a IA está em todo o lado: «Faz parte do jogo e, enquanto empresa tecnológica, compreendemos claramente que será o nosso co-piloto, no futuro».
Entrada no negócio B2B
A estratégia da empresa passa por crescer no mercado do consumo com a «expansão de produtos para lifestyle, como os suportes para bicicletas e skis», além do negócio B2B, já que o «nível de digitalização deste segmento», constituído maioritariamente por oficinas, é «relativamente pequeno». A Autodoc já está actuar nesta área, em França, e vai, agora, expandi-la para os mercados da Alemanha, Áustria, Países Baixos. O próximo passo será entrara na «Bélgica e no Luxemburgo»; o CEO não descarta a entrada em Portugal, em breve, mas, para tal, «será necessário ter um centro de distribuição mais próximo».
O responsável revela ainda o que quer para a Autodoc, a médio prazo: «Acreditamos que dentro de cinco anos podemos elevar o nosso B2B ao mesmo nível do B2C. Queremos passar de uma empresa de venda de bens para uma de prestação de serviços de qualidade. Os nossos clientes não querem apenas comprar peças, querem resolver um problema e é isso que queremos oferecer».