Em Foco

A ascensão do ‘compre agora, pague depois’

Este modelo está a revolucionar o sector financeiro, com um aumento significativo de adeptos e uma projecção de crescimento explosivo, reflectindo a crescente preferência dos consumidores por flexibilidade nos pagamentos e inovações no comércio eletrónico.

rupixen.com/Unsplash

Os riscos do modelo
Quanto aos desafios associados ao BNPL, Luís Gama fala do risco de endividamento dos consumidores, cenário que levou a Unicre a desenvolver uma solução capaz de “validar” previamente a viabilidade do cliente poder fazer uma compra parcelada ou não – prevenindo assim cenário de endividamento: «Com o ‘Parcela Já com Unicre’ é necessário recolher algumas validações, antes do parcelamento avançar, tais como consulta às entidades gestoras de risco, a exposição de dívida do cliente, se tem parcelas em dívida, entre outras». Por outro lado, há o risco da segurança da informação: com a crescente digitalização dos pagamentos, é essencial garantir que os dados pessoais e financeiros dos consumidores sejam protegidos contra possíveis ciberataques.

Nos últimos anos, a Unicre garante ter realizado um investimento «muito grande» em tecnologia na certificação PCI-DSS, uma framework de segurança que tem como finalidade assegurar a confidencialidade e integridade dos dados sensíveis associados à utilização de cartões de pagamento, quer se trate dos dados do cartão ou de autenticação. Esta certificação garante ainda a protecção das empresas relativamente a consequências financeiras e reputacionais adversas, que possam resultar da quebra dessa confidencialidade, assim como uniformizar os requisitos de segurança a cumprir por todos os intervenientes na indústria de pagamentos: «Sem esquecer a nossa abordagem Zero Trust, ou seja, dentro da organização, temos uma metodologia nas áreas da segurança em que, basicamente, assumimos o ‘não tenho confiança em ninguém, nem em mim próprio, nem no meu equipamento’», conclui Luís Gama.

A Klarna é já um “clássico” nestas andanças do BNPL. Alexandre Fernandes, country manager para Portugal e Espanha, revelou à businessIT que a empresa sueca está a fazer um caminho «extremamente positivo» em Portugal, tendo vindo a crescer ano após ano, não apenas em marcas clientes que agora disponibilizam Klarna como meio de pagamento no seu checkout, como em número de consumidores utilizadores. «Contamos já com mais de 2300 marcas parceiras no mercado português: Prozis, Tradeinn, Sklum, PCDiga, Showroomprive, O Boticario, Boutique dos Relógios, Gato Preto, Samsung, Xiaomi, About You e Parfois ,entre outras. Airbnb, Grupo Sacoor, Ticketline, Decathlon ou La Redoute são outros exemplos. Temos ainda, actualmente, mais de quatrocentos mil utilizadores em Portugal».

A Klarna assume ser mais que um sistema de pagamento, pois junta, numa só aplicação, toda uma experiência de compra diferente, que permite aos utilizadores definir orçamentos, acompanhar produtos, comparar preços ou fazer listas. «Ainda assim, chegada a hora de pagar, trata-se de uma inovação, na medida em que reduz as prestações de pagamento a três (sendo que a primeira é paga no acto de compra e as restantes, nos meses seguintes), sem juros e taxas para o consumidor, e com uma comissão por transacção para o comerciante, assim como qualquer outro método de pagamento», explicou Alexandre Fernandes.

O BNPL e a inclusão financeira
Questionado sobre até que ponto o BNPL pode promover a inclusão financeira, o executivo explica que, no caso concreto da Klarna, a empresa tenta ser o mais clara possível e ajudar os consumidores a tomarem decisões inteligentes no que diz respeito à sua vida financeira: «Com a Klarna, os consumidores podem verificar o seu saldo em tempo real e as prestações em falta, para controlarem o seu orçamento com maior facilidade. Além disso, analisamos e verificamos o histórico de pagamentos sempre que uma nova solicitação de compra é feita, para garantir que os consumidores têm capacidade para realizar essa compra e podem fazer os seus pagamentos a tempo e evitar o endividamento». Em Portugal, a Klarna quer atingir um milhão de utilizadores até ao final de 2024.