A IT Press Tour, iniciativa lançada em Junho de 2010, realizou a sua 51.ª edição em Berlim (Alemanha), dedicada à infra-estrutura de TI, gestão de dados e armazenamento, na qual os jornalistas especializados em tecnologias de informação conheceram seis empresas europeias: Croit, SimplyBlock e Yuzuy (Alemanha), Insurgo (País de Gales), CunoFS (Reino Unido) e Tuxera (Finlândia). «Continuamos a elevar a fasquia, acelerando o nosso papel na descoberta e promoção de players e tecnologias europeias. Isso também significa que nos aproximamos de trezentas empresas já apresentadas e superámos a barreira de quinhentas sessões organizadas desde a primeira edição, em Junho de 2010», disse Philippe Nicolas, criador da The IT Press Tour.
Tuxera: combater a perda de dados
Combater a perda de dados de dispositivos incorporados é a grande missão da Tuxera, uma start-up finlandesa de armazenamento de dados presente nesta edição, em Berlim. A premissa é esta: independentemente do sector, as empresas estão a demonstrar um interesse crescente em assegurar uma transição suave e uma administração eficiente de dados entre a infra-estrutura de computação em nuvem e de borda, o denominado ‘edge’ com o objectivo primordial de manter os seus produtos e serviços.
Contudo, se tal implementação não for executada de forma segura, sem uma estratégia de backup e recuperação adequada, os activos ao longo da rede correm o risco de serem perdidos em definitivo. A perda de dados abrange informações que são irremediavelmente destruídas, excluídas, corrompidas ou tornadas ininteligíveis, o que poderia culminar em perdas financeiras e de quebra de serviço, devido ao tempo necessário para mitigar tais incidentes, bem como potenciais violações de requisitos de segurança obrigatórios.
É aqui que a Tuxera actua. Fundada em 2008 e com sede em Espoo, na Finlândia, a empresa está empenhada em resolver este problema para os denominados fabricantes de equipamento original (OEM) ao oferecer um conjunto de produtos de software de gestão de armazenamento para dispositivos incorporados e armazenamento de dados empresariais. A sua base de clientes estende-se por todo o mundo e inclui fornecedores de hardware de centros de dados de armazenamento, de infra-estrutura definida por software e hiperescaladores.
O foco na gestão de dados
No evento, Tuukka Ahoniemi, CEO, discutiu como a empresa se está a diferenciar no competitivo espaço de dispositivos de armazenamento de dados. Actualmente, as operações da Tuxera podem ser categorizadas em dois segmentos principais: o domínio de dispositivos embutidos – incluindo sistemas de arquivos baseados em padrões e especializados, e gestão de armazenamento flash – e gestão de dados corporativos, que engloba o Microsoft Server Message Block (SMB) e New Technology File System. (NTFS). Do lado empresarial, o foco é no desempenho da gestão de dados. O executivo disse ainda no evento que as soluções de gestão de dados e rede são reforçadas pela tecnologia de criptografia CryptoCore da Tuxera, que aplica algoritmos de cripto e hash (código criado a partir de um bloco de dados usando um algoritmo criptográfico) em todo o armazenamento flash e redes.
O software da empresa finlandesa pode ser encontrado no núcleo de vários equipamentos, desde telefones, tablets, dispositivos IoT e routers. Tuukka Ahoniemi focou no evento clientes como a NASA – a startup faz parte do programa Artemis da NASA, dedicado a voltar a colocar humanos na Lua –, a empresa automotiva Yura (particularmente focada em auxiliar o armazenamento de DVR), e no lado empresarial das operações, a Orca Security.
Croit: um notável crescimento
A Croit trouxe a Berlim a ideia de que o armazenamento tem de ser repensado. Martin Verges, fundador da empresa alemã, quis apresentar ao mercado “analgésicos” para algumas das dores sentidas pelas organizações: a necessidade de armazenamento flexível, escalável e rentável, sanando ainda a dor de implementá-lo e operá-lo. Fundada em 2017, há mais de seis anos, a empresa tem uma subsidiária nos EUA desde 2022. Conta com 23 funcionários, distribuídos por dez países em cinco continentes. Tem registado um crescimento constante, o que lhe valeu o prémio Deloitte Technology Fast50 em 2022: entre 2018 e 2021 cresceu 854%.
«Acreditamos que todas as tecnologias inteligentes, independentemente da sua complexidade, devem ser facilmente utilizáveis por todas as empresas para criar melhores produtos e serviços para o benefício de todas as pessoas», disse Andy Muthmann, managing director, aos jornalistas em Berlim. «A nossa missão é identificar e adaptar tecnologias inteligentes de código aberto para permitir que as empresas e os seus colaboradores as implementem de forma rápida, confiável e com custos reduzidos. Adoramos aprender e brincar com tecnologias e trazê-las a um público mais amplo na forma de soluções bonitas e amigas do utilizador».
Entre as características da solução da Croit, baseada em Ceph, uma plataforma de armazenamento definida por software gratuita e de código aberto, Andy Muthmann destacou a facilidade de as implantar em grandes clusters de armazenamento em menos de uma hora, em vez de semanas, a distribuição de dados pelos meios disponíveis, a criação de cópias para redundância e a verificação da integridade dos dados. O executivo falou ainda na aptidão para fornecer acesso a armazenamento como arquivos, blocos e objectos através de todos os protocolos e o potencial de escalar adicionando mais servidores.
Portugal já tem clientes
Andy Muthmann não tem dúvida de que a «flexibilidade de Ceph é incomparável», com o armazenamento DAOS a ser a «tecnologia mais rápida do mundo, conforme confirmado nos benchmarks oficiais do io500». Os últimos resultados do Argonne Deployment mostram uma «largura de banda superior a 6TB/s», mencionou no evento. «Como somos agnósticos em relação ao fornecedor, os clientes podem poupar muito dinheiro ao utilizar o hardware de commodity mais eficiente em termos de custos. Quando planeado e implementado com o Croit, o sistema pode proporcionar uma disponibilidade extremamente alta», garantiu.
Com foco principal na Europa, incluindo Portugal, onde sem revelar nomes o executivo afirmou haver já clientes, e Américas, a empresa planeia as suas primeiras incursões pela Ásia já no próximo ano.