Empreendedorismo

Glooma é a vencedora da edição nacional do Get in the Ring

A startup da área da saúde bateu a concorrência para arrecadar o título de campeã da competição organizada pelo Vodafone Power Lab. O embate aconteceu num ringue de boxe no Lispolis, em Lisboa; o evento contou ainda com um debate sobre inovação e empreendedorismo.

O Get in the Ring é uma competição do Vodafone Power Lab organizada pela Building Global Innovators (BGI) que pretende promover o empreendedorismo e ajudar a resolver o desafio da taxa de insucesso que afecta muitas startups. Como o nome indica, acontece num ringue de boxe, onde as startups se enfrentam.

A iniciativa, que volta a ser promovida pelo programa de aceleração da Vodafone (depois de um interregno de dois anos), contou com 84 projectos inscritos nas quatro categorias existentes (XR solutions; automation & gamification; smart mobility e big data) – destes, dezasseis chegaram ao ringue.

A vencedora foi a Glooma, que desenvolveu um dispositivo médico de rastreio em formato de luva com ligação a uma app que complementa o auto-exame e que ajuda na detecção precoce de casos de cancro da mama. A startup recebeu um prémio de vinte mil euros, acesso directo à final mundial da competição internacional Get in the Ring e ao programa Vodafone Power Lab.

Francisco Neto Nogueira, co-fundador da startup e que teve o papel de pugilista no ringue do evento, explicou à businessIT que vencer a competição foi «muito importante pelo reconhecimento» e que é uma «validação da solução por parte de grandes players do mercado». Sobre o valor monetário do prémio, o responsável esclareceu que será usado «para aumentar a equipa» e «na especialização de alguns colaboradores», para que os fundadores «se possam dedicar a 100% ao desenvolvimento da solução».

Já o outro co-fundador da Glooma, Frederico Stock, falou que o futuro passa por ter «ensaios clínicos em hospitais no estrangeiro para ter mais dados e perceber quais as diferenças geográficas existentes», fazendo, assim, avançar a tecnologia da startup.

Na grande final, a Glooma derrotou a Zoomguide, uma startup que tem uma solução que combina inteligência artificial com realidade aumentada para tornar a experiência do visitante em cidades e museus mais imersiva e acessível. O fundador, Afonso Cunha, que já esteve presente em diversas iniciativas de pitch, assumiu que a competição foi a «mais divertida» em que participou até agora, dado o formato que simula um combate de boxe em três rounds.

O Get in Ring contou com a parceria do EIT Urban Mobility, da Câmara Municipal de Lisboa, através da plataforma Made of Lisboa e do Polo Tecnológico de Lisboa (Lispolis).

A importância das cidades
Os júris do concurso participaram também numa mesa-redonda sobre inovação e tecnologia, onde se deixaram alguns conselhos aos empreendedores. Gonçalo Amorim, CEO da BGI, referiu que o sucesso das startups deve ser medido por «uma mistura de várias métricas», como «o impacto criado, o número de empregos criados, o valor de financiamento», mas que também deve incluir o seu «contributo para o ecossistema de startups e de empreendedorismo». O responsável indicou que, no entanto, o que importa «é encontrar um mercado no qual possa resolver um problema e ter algo bastante diferenciador, único e difícil de imitar».

Já Inês Valadas, administradora da unidade de negócios particulares da Vodafone Portugal, esclareceu que, tal como nas «grandes organizações», o importante é «ter as melhores pessoas nos sítios certos», já que as «pessoas são o melhor activo que qualquer empresa pode ter».

Por outro lado, Fredrik Hanell, director of business creation do EIT Urban Mobility, destacou que se deve ter uma «prova de conceito que possa ser testada pelos clientes o mais rápido possível». Segundo este responsável, há «muitas startups que têm bons modelos de negócio e que dedicam muito trabalho a desenvolver a sua tecnologia, mas que nunca conseguem ter tracção». Para Fredrik Hanell, o valor das cidades é que são «laboratórios vivos, onde se tem a oportunidade de testar as soluções o mais cedo possível e isso deve ser aproveitado».

As startups «devem ser resilientes», salientou Margarida Figueiredo, directora-geral para a economia e inovação da Câmara Municipal de Lisboa; os empreendedores «podem contar com a câmara para testar produtos, aplicações e protótipos» que estejam ligados a tudo o que diga respeito «às cidades, cidadãos e mobilidade».