A GoParity nasceu em 2017, quando Luís Couto, Manuel Nery Nina e Nuno Brito Jorge não conseguiram encontrar uma «alternativa ética para depositar o dinheiro», numa altura em que ter depósitos no banco, tal como ainda acontece hoje, quase não rende juros.
Manuel Nina, director comercial e co-fundador da startup, explica como tudo começou: «Os painéis solares estavam a descer muito de preço e começavam a ser um negócio rentável, sem o apoio do Estado, mas existiam muitas empresas que não tinham capital para os comprar e colocar nas instalações. Eu e os meus sócios começámos a procurar o enquadramento legal de crowdlending, ou seja, várias pessoas juntarem-se e emprestarem dinheiro a uma empresa para investir num determinado projecto». A verdade é que existia legislação nesse sentido, a actividade era legal em Portugal e supervisionada pela CMVM. foi aí que os três empreendedores resolveram fundar a GoParity.
Os benefícios são claros, já que a plataforma colaborativa da startup oferece, basicamente, um «empréstimo com juros, com prazo específico e com contrato», em que as empresas, associações ou particulares que emprestam dinheiro conseguem, não só receber o reembolso desse valor, como ainda mais.
Em Portugal, a GoParity consegue oferecer juros na ordem dos «4, 5 e 6%», diz Manuel Nina. Os valores começam «a partir de cinco euros» e ,apesar de ser «um produto de risco de perda de capital», o responsável assegura que é um investimento sério: «Procuramos projectos que tenham garantias reais em equipamentos físicos e também aqueles que têm uma ligação à comunidade, como a fábrica de perfis de aço leve em Portalegre, que é uma iniciativa apoiada pelo Portugal 2020».
A missão essa é «juntar empresas que procuram financiamento a cidadãos e empresas que querem investir de forma sustentável», diz o director comercial.
Continuar a crescer
O caminho da GoParity tem sido de evolução, esclarece Manuel Nina: «Começámos com a vertente de painéis solares, eficiência energética, iluminação inteligente e, depois, a abrir para outras áreas que tivessem impacto social ou ambiental, ou seja, genericamente tudo o que apoie os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Ao fim de quatro anos e meio de viagem, já levantámos dez milhões de euros em empréstimos para 142 projectos, não só em Portugal, mas também em Espanha, Itália, Lituânia, Uganda, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, e recentemente no Quénia. Além disso, temos dezoito mil utilizadores e já devolvemos de 2,8 milhões de euros, o que significa que a plataforma funciona».
Recentemente, a startup lançou uma ferramenta de cálculo e compensação de CO2 para empresas – o empreendedor explica como funciona: «A ferramenta permite a calcular as emissões de dióxido de carbono com base nas operações e consumo de electricidade/gás, se aplicável; depois, indica às empresas para investirem na plataforma uma determinada quantia em euros, por ano, para compensarem essa pegada de carbono». Ao financiarem os projectos, vão ter duas vantagens, refere Manuel Nina: «Além de não pagarem, é um investimento em que recebem o dinheiro de volta com juros. Quanto mais tempo tiverem o dinheiro investido, maiores serão os benefícios de CO2». Segundo o co-fundador, a solução é destinada a «todo o tipo de empresas, de todos os sectores de actividade».
Sobre o futuro, o director comercial diz que a ideia é «claramente crescer» e explica que a startup está a «preparar a abertura de um escritório em Espanha». Já Nuno Brito Jorge, co-fundador e CEO da GoParity, destaca os objectivos da empresa: «O nosso foco para 2022 é atrair novos investidores para a plataforma, chegar a mais países e trazer novas soluções de investimento digital, para continuar o nosso caminho de fazer com que as finanças de impacto sejam novo normal. A GoParity tem como objectivo duplicar novamente a sua comunidade e o montante investido, ou seja, chegar aos 38 mil utilizadores e a um total de 24 milhões de euros».