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Estudo revela que Portugal está a meio da escala da maturidade digital

O relatório mostra que há correlação entre maturidade digital, produtividade e nível salarial médio das empresas.

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O estudo ‘O Caminho para um Portugal Biónico: A maturidade digital do tecido empresarial em Portugal’, publicado pela Boston Consulting Group (BCG), pela Google e pela Nova SBE mostra que Portugal está no segundo de quatro níveis de maturidade digital.

O relatório feito com base  nas respostas de 1047 empresas nacionais mostra que, apesar da intenção das empresas em utilizar o digital como motor das suas estratégias, existe ainda alguma inércia na sua aplicação em algumas áreas relevantes.

Apesar do avanço na digitalização trazido pela pandemia, Portugal está ainda longe de ser considerado um ‘Digital Leader’, o nível de maior reconhecimento, segundo o Digital Acceleration Index (DAI), usado pela BCG e que permite observar o estágio de maturidade digital do tecido económico de um país com base no nível atual e desejado de digitalização das suas empresas.

Neste momento, o País consolida o seu lugar como ‘Digital Literate’, com um total de 31 pontos (dos 100 possíveis), 21 pontos abaixo da média europeia, que se encontra no patamar dos ‘Digital Performers’.

O estudo revela ainda disparidades no que diz respeito à adopção do digital conforma a dimensão das organizações: as médias e grandes empresas (45 pontos) estão mais avançadas do que as pequenas (25 pontos). Já ao nível dos sectores de actividade, as médias e grandes empresas de telecomunicações, media e TI lideram em maturidade e as indústrias pesadas e construção, por seu turno, estão na cauda.

O BCG realça que as «instituições financeiras estão 12 pontos abaixo da média dos pares europeus, o que as torna vulnerável à ameaça crescente de concorrência internacional, em particular aos nativos digitais que procurem entrar nestes mercados».

O estudo mostra também que a produtividade das empresas tende a aumentar quanto maior a sua maturidade digital. A pontuação DAI explica 9% da variação da produtividade e cada ponto DAI adicional reflete um aumento de 2% na produtividade média das empresas, o que significa que um salto de escalão DAI poderá equivaler a um aumento de 50% da produtividade média.

Os salários médios também tendem a aumentar nas empresas digitalmente mais maduras, sendo que, uma transição completa no estágio de maturidade está, estatisticamente, associada a um aumento de 37% do salário médio. Esta relação pode explicar-se pela aposta feita pelas empresas em capital humano mais qualificado, que lhes permita implementar com maior sucesso a transformação tecnológica.

O aumento do investimento na digitalização está também correlacionado com ganhos de maturidade digital. 65% das grandes empresas investem mais de 0,5% das suas receitas no digital e aquelas que aplicam mais de 2% têm, em média, mais 14 pontos de maturidade que as que investem abaixo desse valor. Isto mostra que as médias empresas, que apresentam uma maturidade mais avançada, têm trabalhado de forma mais eficiente, já que 60% investem mais de 0,5% das suas receitas. Já nas pequenas empresas, 60% investem menos de 0,1% das suas receitas.

As empresas de grande dimensão mencionam também uma maior dificuldade em oferecer condições suficientes para contratar os recursos humanos certos para o digital. Já nas médias empresas, a dificuldade a superar é a definição e priorização dos projetos certos para consolidar competências e motivar as pessoas para o digital e, nas pequenas empresas, o entrave está na dificuldade em encontrar o pessoal e gestores de equipas com as competências necessárias.

O relatório aponta que as médias e grandes empresas portuguesas têm lacunas digitais estruturais na indústria 4.0, metodologias agile e ersonalização, e  que o marketing digital e o governance de dados são as dimensões mais distanciadas da referência europeia.

A falta de literacia digital é outra das componentes em falta em Portugal e uma em cada cinco das grandes empresas analisadas desconhece a sua realidade face à tecnologia IoT e 40% revelam desconhecer como o digital pode ser aplicado às suas operações de serviço.

«Apesar da existência de medidas de apoio, mais de metade das empresas analisadas neste estudo não conhece qualquer programa de financiamento ao digital, sendo esta uma realidade transversal a todos os segmentos empresariais», explicam os produtores do estudo.