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O futuro da energia está na tecnologia, não nos combustíveis fósseis

Esqueçam o petróleo. O futuro da energia passa pelo Sol, pelo hidrogénio e pela adopção de tecnologias como Internet das Coisas, Big Data, redes inteligentes, medidores inteligentes e processamento na nuvem.

O analista garante que as empresas de distribuição de energia têm investido cada vez mais em tecnologias que permitem medir, em tempo real, o consumo de energia para gerir e optimizar as fontes de produção e também as suas estratégias de distribuição, adoptando medidores inteligentes e soluções para análise de dados. «Ao adoptar os medidores inteligentes, a distribuidora de energia terá como primeiro benefício a eliminação da ‘perda de receita’, que geralmente é causada pela impossibilidade de medir regularmente o consumo de energia em determinadas localidades, principalmente nas áreas rurais, nas quais há dificuldade em estar presente todos os meses para a leitura manual da medição».

Uma coisa parece certa: o sector de energia está a mudar. A desregulamentação e a inovação abriram o mercado da energia não apenas para a concorrência entre fornecedores, mas também para proprietários de empresas e residências, que agora podem investir nos seus próprios sistemas de produção e armazenamento de energia, diz Miguel Freitas. Activos distribuídos, como painéis solares, bombas de calor ou mesmo baterias de armazenamento já estão disponíveis e a serem melhorados a cada ano que passa.

«Isso significa que os utilizadores têm agora mais opções do que nunca para responder às suas necessidades de energia: o resultado é que cada vez mais activos estão a ser conectados às redes de energia em todos os lugares», relembra António Miguel Valadas. «A IoT pode levar a um futuro mais verde e sustentável para todos e o sector de energia está na vanguarda dessa mudança».

Portugueses criam nova tecnologia para armazenar energia renovável
Uma equipa de investigadores portugueses está a desenvolver um processo de produção de combustíveis sintéticos através da electrólise da água, usando grafite. Isto permite obter metano e facilita também o armazenamento de electricidade proveniente de energias renováveis. Sob a coordenação do engenheiro electrotécnico João Campos Rodrigues, o mentor do Electrogás, a equipa de investigadores instalou-se há alguns meses num dos laboratórios de química do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), onde já desenvolveu um projecto-piloto de produção de gás natural sintético de cinco quilowatts (kW) de potência, capaz de abastecer várias vivendas.

«O que estamos aqui a fazer é novo a uma escala mundial, não é a uma escala nacional. Estamos em zonas de fronteira da tecnologia». O projecto consiste em produzir gás natural sintético a partir da energia elétrica, através de um processo de electrólise que tem como principal diferença em relação às electrólises tradicionais o facto de usar uma matéria carbonada, a grafite, que permite obter directamente o gás metano, conhecido como gás natural.

«Este processo traz uma vantagem do ponto de vista das renováveis, que tem que ver com o facto de a energia renovável ter uma característica de não ser ‘despachável’, o que quer dizer que eu só tenho energia eléctrica, por exemplo neste caso a fotovoltaica, quando há Sol. Se não precisar daquela energia elétrica, essa energia é desperdiçada, não a consigo armazenar», explicou o investigador.