Reportagem

Empresas digitalizam processos de recrutamento durante a pandemia

A pandemia de COVID-19 trouxe muitas mudanças às organizações e os processos de recrutamento não foram alheios a estas alterações. Os métodos passaram a ser digitais e muitos deles vão manter-se no futuro, mas o factor humano continua a ser essencial.

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Recrutamento online vai continuar
Teresa Lopes Gândara salienta que fazer contratações de forma online passou «a ser a prática de mercado», que «a flexibilidade passou a ser a nova normalidade» e que «os modelos mistos de colaboração ficarão para o futuro, com todas as vantagens que daí decorrem quer para a empresa quer para os colaboradores».

É talvez por isso que todos as empresas com que a businessIT falou são unânimes a indicar que vão manter processos digitais, até porque tal permite «recrutar e integrar pessoas praticamente a partir de qualquer lugar», diz Alexandra Monteiro. Os novos processos são eficientes como atesta o responsável da Natixis: «Em termos de eficácia, mantivemos ou aumentamos os níveis que teríamos com o modelo presencial, que seguíamos no momento de pré-pandemia. Esta situação tem acelerado a transformação digital, mas acreditamos que o factor humano continua a ser o mais importante». É talvez por isso que também a Glintt, regressou «ao modelo tradicional de onboarding, pelo menos da parte dos recursos humanos» após «o levantar do estado de emergência», refere Inês Viana Pinto.

Factor humano é essencial
O director de recursos humanos da Natixis considera mesmo que a sua importância do lado humano «sai reforçada desta desafiante experiência colectiva» e explica o motivo: «Acreditamos que é condição essencial garantir que processos mais digitais são, em igual medida, mais humanizados. É de pessoas que se faz uma empresa e elas são os nossos melhores embaixadores». Diogo Alves de Oliveira é da mesma opinião e diz que a «veia humana requer momentos de interacção e socialização», pelo que acredita «que algumas soluções se descentralizem por comunidades pequenas físicas, no mesmo local, mas que estão permanentemente ligadas entre si pela via digital».

A componente humana foi também realçada por Victor Pessanha que salienta que «o convívio social/profissional também faz parte da cultura das empresas e continuará a ser relevante».

Contratações prosseguem
Outro ponto em que todas as organizações estão de acordo é na necessidade de continuar a contratar profissionais. A OutSystems continua «com vagas abertas em várias áreas, em especial nas áreas de engenharia e produto»; a Noesis tem «previsão para manter o recrutamento nos próximos meses» e até acelerar como revela Teresa Lopes Gândara: «Esperamos mesmo recuperar algum abrandamento a que nos fomos impondo durante este período». Já a Natixis tem «várias vagas em aberto para o mercado nacional» e o objectivo de chegar aos «mil colaboradores até ao final do ano», confirma Maurício Marques. A Glintt continua a recrutar, como salienta HR business partner, «apostando na valorização contínua das suas pessoas». Inês Viana Pinto alerta para a necessidade de «manter a capacidade de retenção» dada a grande concorrência do mercado. Para isso a empresa conta com «uma cultura muito orientada para as pessoas, promovendo um ambiente familiar e de proximidade».

Startup Jobs, uma plataforma nascida na pandemia
Apesar dos tempos difíceis, muitas startups viram as suas soluções terem mais procura e com isso tiveram necessidade de contratar. Por outro lado, houve outros casos de dificuldades abrandamento no ritmo de novas contratações e alguns despedimentos. A Startup Jobs surge nesse contexto e da inexistência de uma plataforma agregadora das ofertas desse mercado. Malik Piara e Bernardo Neuville juntaram-se e criaram, a partir de casa, um local que promove o emprego nas startups e tem como objetivo tornar «a procura de oportunidades na área da inovação e da tecnologia mais fácil, mitigando os efeitos negativos gerados pela crise e elevando o ecossistema a um novo nível», explicam os fundadores.

A plataforma, sem custos para pessoas ou empresas, apresenta, de uma forma simples e acessível, as vagas disponíveis nas tecnológicas que estão a recrutar em Portugal e conta já com o apoio de parceiros impulsionadores do ecossistema português de empreendedorismo, como a Startup Lisboa, a Bright Pixel, a Olisipo Way, o ImpactHub Lisboa, a Canopy Portugal, o Founders Founders e a Acredita Portugal.

No futuro, os criadores da Startup Jobs querem continuar a desenvolver a solução para «integrar outras iniciativas promovidas pelas organizações fundadoras, tais como programas de aceleração, com vista a impulsionar o crescimento do ecossistema».