Reportagem

Google Cloud Next’20: o futuro é multicloud

O Google Cloud Next’20, este ano ‘OnAir,’ serviu, mais que tudo para o gigante tecnológico apresentar novas soluções e funcionalidades do seu portfólio de produtos em nuvem, com anúncios importantes para os seus clientes multicloud e aqueles que operam em ambientes com elevados requisitos de segurança.

O evento Google Cloud Next teve, em 2020, a necessidade de se renomear. Ou melhor, de acrescentar algo à sua denominação: ‘OnAir’ foi a opção para vincar o facto de que iria decorrer de forma virtual.

Num encontro prévio – obviamente também online – com a imprensa especializada, Kristen Kliphouse, presidente para a América do Norte da Google Cloud, destacou que o objectivo desta divisão da empresa norte-americana é acelerar a capacidade das organizações inovarem através dos dados. «Apresentamos novas opções de suporte que tornam muito mais fácil operar com o Google Cloud», disse aos jornalistas.

Kristen Kliphouse destacou que a empresa tem vindo a conquistar um número crescente de grandes clientes como a Telefónica, ShareChat, Lloyds Banking Group, Vodafone, AT&T, Deutsche Bank, Renault, Verizon ou Fox Sports, enfatizando que a Google está a trabalhar muito activamente com empresas do sector de telecomunicações e meios de comunicação.

Futuro é multicloud
O primeiro grande anúncio de produto foi um melhoramento significativo do BigQuery. O novo BigQuery Omni é a mais recente aposta da Google Cloud para analisar dados independentemente da nuvem (ou nuvens) onde ‘habitem’. Ou seja, os clientes tanto poderão ligar directamente os seus dados na Google Cloud Platform, como na nuvem da Amazon (AWS) ou, em breve, na da Microsoft (Azure), para que sejam analisados numa interface única do utilizador sem a necessidade de mover ou copiar os dados.

Debanjan Saha, director-geral e vice-presidente de engenharia do Google Cloud, reconheceu no encontro que mover dados entre nuvens diferentes é caro e uma tarefa nada trivial e que, por isso, se tornou um grande problema dos clientes que aceleram os seus projectos de digitalização.

«O BigQuery Omni fornece às empresas a capacidade de abertura necessária para quebrar silos e criar insights de negócios, sem terem que pagar altas taxas para mover dados a partir de outros fornecedores de nuvem para o Google Cloud», promete Saha. «Na Google, os dados fazem parte do nosso ADN. Temos gerido as aplicações do consumidor nos últimos vinte anos, o que nos deu uma perspectiva única. De acordo com um inquérito da Gartner, mais de 80% dos entrevistados têm mais de um fornecedor de nuvem. Acreditamos que os utilizadores exigem liberdade de escolha e que o futuro é multicloud».

Baixa complexidade é exigida
«À medida que uma adopção híbrida e multicloud se tornou a norma, as empresas estão, cada vez mais, à procura de novos produtos de dados que proporcionem uma experiência consistente e de baixa complexidade no uso de múltiplas clouds e que permitam também tirar partido dos investimentos em infra-estruturas. O lançamento do BigQuery Omni demonstra a estratégia da Google Cloud para ajudar os clientes a operar em ambientes multicloud», acrescentou num comunicado enviado à imprensa Nuno Vieira da Silva, head da Google Cloud em Portugal, profissional que desde o início de Julho substitui Jorge Reto à frente desta divisão.

Os sistemas actuais de computação em nuvem permitem que os dados em trânsito da nuvem e para esta sejam criptografados, bem como os armazenados. Mas, e enquanto estão a ser processados? Até agora, esse era um ponto fraco dos serviços em nuvem para todas as organizações com altos padrões de segurança. Durante o evento, a Google anunciou as suas soluções de computação confidenciais que permitem mover cargas de trabalho que ainda são executadas em sistemas locais para a nuvem, garantindo o mesmo nível de protecção de dados.

A denominada computação confidencial é uma tecnologia que basicamente encripta os dados em uso – enquanto estão a ser processados, sendo que os ambientes de computação confidencial mantêm a informação encriptada na memória e em outros locais fora da unidade central de processamento (CPU). «Esta tecnologia irá transformar a forma como as organizações processam os dados na cloud, mantêm o controlo sobre os seus dados e preservam a confidencialidade», garante a empresa.

Sunil Potti, director-geral e vice-presidente de segurança da Google Cloud, citou Vinton Cerf no encontro, um dos pais da Internet e actual evangelista chefe da Internet na Google: «Raramente surge uma nova tecnologia que pode mudar radicalmente a natureza da computação em nuvem. A computação confidencial é uma daquelas tecnologias que muda as regras do jogo, pois tem o potencial de transformar a forma como as organizações processam dados na nuvem, enquanto melhora significativamente a confidencialidade e a privacidade».

Jeanette Manfra, directora-global de segurança e conformidade da Google Cloud, acrescentou que «a segurança pode ser um travão à transformação, mas também um elemento facilitador. A transformação digital requer uma transformação de segurança. Desenhamos os nossos produtos para resolver as necessidades dos nossos clientes, para retirar pedras do seu caminho, nunca para aumentar os seus problemas».

Máquinas confidenciais
As Máquinas Virtuais (VM) confidenciais são o primeiro produto do portfólio de computação confidencial da Google Cloud. A empresa já implementa múltiplas técnicas de isolamento e de sandboxing como parte da sua infra-estrutura de cloud para ajudar a proteger a sua arquitectura multi-tenant mas, garantem os responsáveis, as VM confidenciais levam-no para um outro nível, proporcionando encriptação na memória de modo a que os clientes possam isolar ainda mais as cargas de trabalho na cloud.

«A Google Cloud é o primeiro grande fornecedor de cloud a oferecer este nível de segurança e de isolamento, ao mesmo tempo que proporciona aos clientes uma solução de fácil utilização que não requer alterações de código das aplicações nem compromete o desempenho. As VM confidenciais estão disponíveis em CPU AMD e tiram partido da virtualização encriptada segura suportada pela 2ª geração de CPU AMD EPYC».

«Os clientes de todas as indústrias estão a navegar pelas complexidades de compliance e de privacidade na cloud, em particular aqueles nas indústrias regulamentadas como empresas de serviços financeiros, empresas da área de saúde e agências governamentais», complementou Sunil Potti. «Estas empresas querem adoptar as tecnologias de cloud mais recentes mas as exigências rigorosas em termos de privacidade e compliance são frequentemente barreiras a ter em conta. As VM confidenciais irão ajudar-nos a servir melhor os clientes destes sectores de modo a que possam tirar partido, de forma segura, da inovação cloud e também simplifiquem as operações de segurança».

Já Nuno Vieira da Silva, acredita que o futuro da computação cloud irá mudar, cada vez mais, para serviços privados e encriptados que dão aos utilizadores a confiança de que estão sempre no controlo da confidencialidade dos seus dados. «A computação confidencial pode desbloquear cenários de computação que antes não eram possíveis».