Existem tutoriais, cursos online, videoaulas e uma série de outros materiais que guiam os profissionais em processos relacionados com as tecnologias que usam nas suas rotinas. Muitos desses utilizadores seguem esses guias sem autorização do departamento de TI, seja por interesse próprio, seja para não incomodar os profissionais da área de tecnologia, o que vem apontar para um novo cenário: o desenvolvimento de TI está hoje em toda a organização, e não apenas no departamento de TI formal.
A Synnex define que é importante estabelecer responsabilidades de uma forma abrangente e horizontal para destacar o papel relevante do utilizador, seja na especificação e requisito, ou colaborando na construção e implementação da solução final. O efeito é claro: as TI terão um papel de embaixador tecnológico, fornecendo apoio e suporte para os utilizadores da empresa nas pequenas rupturas e inovações diárias. O funcionário do departamento de TI comportar-se-á mais como um parceiro de implementação, que fornece o conhecimento técnico que as outras equipas não possuem, permitindo, de certa forma, que os utilizadores se tornem “porgramadores” que participam activamente da construção e implementação de inovações dentro da empresa.
Multiplicidade de aplicações… e riscos
Segundo um relatório da Stratecast, os funcionários estão a usar uma grande variedade de aplicações no ambiente de trabalho: apps de anotações como o Evernote ou a Dropbox para armazenar e partilhar informações. Na verdade, 80% dos colaboradores admitem usar aplicações SaaS no ambiente corporativo, em muitos casos, sem a devida aprovação do departamento de TI.
Por tudo isto, e provavelmente muito mais, a Gartner previu que um terço das violações de segurança até 2020 ocorreria nas organizações através do uso dos serviços de Shadow IT. À medida que os negócios avançaram no sentido de apoiar uma força de trabalho totalmente remota em plena pandemia de COVID-19, a probabilidade de os funcionários terem procurado o departamento de TI para obterem conselhos sobre que serviços em nuvem usar, provavelmente, diminuiu, o que, por sua vez, levou a um uso crescente do Shadow IT. A acrescentar a tudo isto, está o facto de nem todos os fornecedores de serviços em nuvem terem sido criados de igual forma: podem variar bastante no nível da segurança que fornecem aos utilizadores. E quando membros que não pertencem à equipa de TI decidem assumir o desenvolvimento da nuvem pelas suas próprias mãos, geralmente procuram a solução mais barata e mais fácil, em vez de verificarem adequadamente o que está disponível no mercado. O resultado, garantem os analistas, pode colocar em risco os dados da organização.
Actualmente, e segundo os especialistas, a grande questão para todos os que trabalham nas TI empresariais é como a situação actual está a afectar a segurança e a integridade das infra-estruturas corporativas – e indirectamente o trabalho destes profissionais. Alexandre Soares, consultor de tecnologia, corrobora a opinião da Gartner, admitido que os problemas associados à Shadow IT aumentaram nos últimos meses devido ao número cada vez maior de funcionários a trabalharem em casa. «Se reparar, o modelo de operação de uma empresa pré-COVID era centrado no edifício da empresa, nos escritórios, com alguma capacitação para uma força de trabalho distribuída. A pandemia inverteu este equilíbrio da noite para o dia, de repente, todos estávamos a trabalhar fora do ambiente corporativo».