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A Europa está mais inovadora… mas não o suficiente

A inovação na Europa superou, pela primeira vez, a dos Estados Unidos. Mas isso não chega. Em termos reputacionais, e de captação de investimento, o Velho Continente tem ainda um longo caminho a percorrer.

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Uma nova agenda de inovação
Aliás, num artigo de opinião publicado no Dinheiro Vivo, Jaime Quesado diz que Portugal vai ter de apostar muito rapidamente na implantação do que apelidou de uma ‘nova agenda de inovação’. «Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira Sociedade da Inovação é de forma clara antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante».

O gestor defende a educação como a grande «ideia» para o país e diz que os centros de competência nacionais, num sentido amplo e abarcando empresas, universidades e centros de I&D, têm que ser orientados para o valor. «O seu objectivo tem que ser o de induzir de forma efectiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com valor acrescentado susceptíveis de endogeneizar massa crítica no país. Só assim, a lição de Porter entra em acção. A “internalização” e adopção por parte dos actores do conhecimento de práticas sustentadas de racionalização económica, aposta na criatividade produtiva e sustentação duma plataforma de valor com elevados graus de permanência é decisiva».

Portugal está melhor, mas há que melhorar
Relativamente a Portugal, a Comissão Europeia diz que as condições para as empresas acederem o financiamento têm vindo a melhorar nos últimos anos, com a proporção de empresas que relatam o acesso a financiamento como principal restrição ao investimento a estar agora alinhada com a média da UE. «As autoridades portuguesas lançaram e fortaleceram várias iniciativas nessa área, como o programa Capitalizar e outros programas direccionados a tipos específicos de empresas ou sectores».

No entanto, diz a Comissão Europeia que as empresas portuguesas ainda dependem fortemente de seus próprios recursos para financiar investimentos, e uma quantidade significativa de empréstimos bancários acaba em empresas com produtividade muito baixa. «O baixo nível de capital investido por trabalhador representa um grande obstáculo para melhorar a estrutura produtiva da economia portuguesa.

Nesse contexto, é importante que o investimento produtivo aumente, sendo gradualmente recanalizado para empresas com potencial de crescimento e em sectores com perfis de alta produtividade. Embora outras fontes de financiamento, como capital de risco e património líquido, tenham aumentado nos últimos anos, elas permanecem marcadamente inferiores à média da UE».

Painel Europeu da Inovação 2019
Os países da UE dividem-se em quatro grupos: líderes da inovação, grandes inovadores, inovadores moderados e inovadores modestos. A Suécia é a líder da inovação da UE em 2019, seguida da Finlândia, da Dinamarca e dos Países Baixos. O Reino Unido e o Luxemburgo desceram do grupo de proa dos líderes da inovação para o grupo dos grandes inovadores, ao passo que a Estónia entrou pela primeira vez neste conjunto.

Em média, o desempenho da UE em matéria de inovação progrediu 8,8 % desde 2011. Desde 2011, o desempenho em matéria de inovação melhorou em 25 países da UE. Esta melhoria do desempenho foi mais notória na Lituânia, na Grécia, na Letónia, em Malta, no Reino Unido, na Estónia e nos Países Baixos, tendo a diminuição sido mais acentuada na Roménia e na Eslovénia.

A nível mundial, a UE ultrapassou os Estados Unidos. A liderança da UE em relação ao Brasil, à Índia, à Rússia e à África do Sul continua a ser considerável. A China, contudo, está a recuperar de forma três vezes mais rápida do que o crescimento do desempenho da UE em matéria de inovação. Relativamente ao Japão e à Coreia do Sul, a UE tem vindo a perder terreno.

Os líderes da UE por áreas específicas de inovação são: Dinamarca (recursos humanos e condições propícias à inovação); Luxemburgo (sistemas de investigação atractivos); França (financiamento apoio); Alemanha (investimentos das empresas); Portugal (PME inovadoras); Áustria (ligações); Malta (activos intelectuais); Irlanda (repercussões no emprego e nas vendas).

Finlândia lidera inovação europeia
As regiões mais inovadoras da UE são Helsínquia-Uusimaa, na Finlândia, seguida de Estocolmo, na Suécia, e Hovedstaden, na Dinamarca. Em relação a 159 regiões, o desempenho aumentou no período de observação de nove anos. O Painel Regional da Inovação de 2019 demonstra, de resto, uma forte convergência no desempenho regional, com uma diluição das diferenças de desempenho entre as regiões.