A OrCam foi fundada em 2010 por Amnon Shashua e Ziv Aviram, que anteriormente tinham sido responsáveis pela startup MobilEye ligada à condução autónoma e cuja tecnologia usava câmaras em veículos. Foi com base nesta experiência que os empreendedores tentaram resolver o problema de um «familiar que tinha problemas de visão», explicou à businessIT, Fabio Rodriguez, country manager de Portugal e Espanha desta startup.
A solução é um wearable, que surgiu em 2015, após cinco anos de investigação e desenvolvimento, cuja versão 2.0 apareceu em 2017 – a principal diferença é ter passado a ser wireless. O dispositivo é leve, tem o tamanho de um dedo e adere magneticamente às hastes dos óculos. «É o único dispositivo do mundo activado por um gesto de apontar ou seguindo o olhar do utilizador, permitindo uma utilização mãos-livres», disse a empresa.
O MyEye lê em voz alta o texto impresso e digital de qualquer superfície, em tempo real. Com este adaptador, os utilizadores podem ler livros, jornais, ecrãs de computador e smartphones, etiquetas em supermercados e distinguir notas, entre outros.
O responsável da OrCam esclareceu que a solução recorre a «inteligência artificial, a machine learning e à tecnologia OCR [reconhecimento óptico de caracteres]» que permite «compreender a estrutura dos textos, capturar imagens e vídeos instantaneamente para os poder analisar e processar a informação internamente». O OrCam MyEye só necessita de «se ligar a uma rede Wi-Fi para actualizações de software que acontecem uma a duas vezes por ano».
Aposta no mercado nacional
Fabio Rodriguez revelou os planos da startup para o mercado português: «Numa fase inicial, a nossa estratégia baseia-se, sobretudo, no crescimento. O MyEye está disponível para venda desde Janeiro de 2019, numa perspectiva de soft launch. Apenas agora começámos a fazer divulgação, portanto esperamos que as nossas vendas aumentem». No entanto, o intuito da OrCam é mais nobre, já que o «objectivo principal é aumentar a qualidade de vida de milhares de pessoas em Portugal» que têm problemas de vista: «Existem aproximadamente 160 mil pessoas cegas e 900 mil cidadãos com dificuldades de visão», salientou o country manager.
As perspetivas de futuro são «positivas» já que existe «a possibilidade de financiamento do produto através do Instituto Nacional de Reabilitação, pelo programa SAPA – Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio. O SAPA destina-se a todas as pessoas com deficiência ou incapacidade temporária que necessitem de produtos de apoio ou que apresentam dificuldades específicas».
Isto poderá ser determinante para o sucesso da startup em Portugal, já que o OrCam MyEye tem um custo de 4500 euros, o que para muitos portugueses poderá ser um preço proibitivo sem apoio financeiro do Estado.