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A era da multicloud

Já havia a cloud privada, a cloud híbrida e agora temos a multicloud, na qual as empresas lidam com vários fornecedores de nuvem. Os especialistas dizem que esta é uma abordagem mais madura à cloud. Quais os desafios e que complexidade existe em lidar com múltiplos providers?

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A caminhada é inevitável
A cloud é um ponto sem retorno e a multicloud para lá caminha. Mas nem tudo é poupança de custos e agilidade. Isabel Reis alerta para outros factores que têm de ser tidos em conta. «Uma coisa é colocar os dados na cloud, outra coisa é ir buscar os dados à cloud. Os custos de comunicação que estão envolvidos nessa acção são elevados. Há, por isso, toda uma estratégia interna que tem de ser avaliada em função dos workloads que se movem para a cloud».

Ou seja, ponderar qual a necessidade de movimentação da informação, se periodicamente é necessário voltar a ter os dados on-premise, quais são os custos de comunicação envolvidos, qual o custo do crescimento e escalabilidade necessária… «Porque não há dúvida de que os dados vão crescer. E é preciso ter em conta o que é que isso vai custar a longo prazo. É uma estratégia muito dinâmica, daí ser necessária uma função de multicloud que permita a automatização de processos e liberdade de decisão. Hoje, tudo muda mediante as necessidades de mercado», aconselha Isabel Reis. «O que é verdade hoje, amanhã pode não o ser e, se os clientes não implementarem uma capa de automatização que lhes permita fazer essa movimentação de on-premise para off-premise e inclusivamente de uma cloud para outra em função das dinâmicas de mercado e dos custos associados, a complexidade não diminui, mas antes aumenta com todos os riscos associados».

A maturidade da multicloud
Um cliente ser multicloud mostra um pouco a sua maturidade para com a cloud pública, disse à businessIT Paulo Vieira, sales manager para Portugal da Palo Alto Networks. «O que quero dizer com isto é que tipicamente, quando vemos um cliente apenas com Azur, AWS ou Google Cloud, quer dizer que ainda não está realmente a expandir-se para a cloud. Mas quando um cliente se começa a abordar a multicloud, quer dizer que já tem um nível de maturidade grande, não coloca todos os ovos no mesmo cesto e usa as melhores potencialidades de cada cloud para tirar os benefícios para a sua nuvem».

No entanto, Paulo Vieira relembra a necessita de as empresas criarem uma política de segurança única e transversal a todas as clouds. «Tem de haver uma política que controle os developers de cometerem erros e colocarem equipamentos expostos para a internet sem segurança, há que garantir que existem uma série de parâmetros de controlo para não haver problemas de segurança e erros de configuração».

Na Palo Alto, a multicloud é, hoje, uma área de negócio com muito sucesso e altamente solicitada não só no mercado internacional, mas também no mercado português. «Esta é a vertente onde estamos a entrar mais forte». A abordagem é sempre tirar as melhores potencialidades que cada uma das clouds pode trazer às infra-estruturas dos clientes. Porque a Microsoft é mais forte numas componentes enquanto a AWS será em outra componente».

Para futuro, Paulo Vieira vê um forte potencial de crescimento. «Temos assistido a uma mudança radical no discurso dos clientes. A capacidade de uma empresa colocar algo na cloud e depois ser capaz de rapidamente mudar a estratégia e ajustar a sua capacidade torna a cloud deveras interessante. Esta capacidade de reagir é o que torna a nuvem tão apetecível e simpática».

Mas a cloud não é mais barata do que os outros sistemas, diz claramente Paulo Vieira. «E se lhe disserem que é mais barata, estão-lhe a mentir». O que é, sim, é mais ágil. O que a torna, no entender deste responsável, particularmente «sexy». E exemplifica: «Hoje, o meu negócio tem vinte mil pedidos. Amanhã, que é Natal, passa para três milhões. A capacidade da cloud de se expandir e aguentar com essa carga e habilitar o negócio e depois voltar a encolher a seguir ao Natal é o que torna a cloud sexy e mágica».