Universidade do Minho, a IBM e a computação quântica
Em Junho, a IBM anunciava que a Universidade do Minho era a primeira entidade portuguesa a integrar a IBM Q Network como Academic Partner. A universidade, através do QuantaLab, um consórcio português de investigação criado em 2016 do qual é membro fundador juntamente com o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), tem agora acesso directo aos sistemas IBM Q, proporcionando novas ferramentas a investigadores, docentes e estudantes das instituições integrantes do consórcio, com o objectivo de fomentar a investigação em computação quântica em colaboração com cientistas e engenheiros da IBM.
Nos termos do acordo, a Universidade do Minho e os membros do QuantaLab, do qual fazem ainda parte o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), têm como propósito investigar como um computador quântico pode ser usado para fazer simulações e testes nas áreas da Física da Matéria Condensada, da Ciência dos Materiais, da optimização de processos e da cibersegurança.
«O acesso ao sistema IBM Q coloca a Universidade do Minho na vanguarda do acesso a máquinas de computação quântica com forte impacto na formação de estudantes de graduação e de pós-graduação em Física, Engenharia Informática e Matemática e potencia a investigação avançada em sistemas quânticos, como seja a área dos materiais quânticos e de novos paradigmas de computação», referiu Nuno Peres, professor e investigador da Universidade do Minho.
A IBM Q Network é basicamente uma rede colaborativa a nível mundial da qual fazem parte as principais empresas da Fortune 500, startups, instituições académicas e laboratórios de investigação que trabalham directamente com a IBM no sentido de explorar novas aplicações práticas para a computação quântica para o mundo dos negócios e da ciência.
O que o futuro reserva
Algumas empresas e governos começaram a tratar a pesquisa em computação quântica como uma corrida. A Google, a IBM, a Intel e a Microsoft expandiram as suas equipas, trabalhando na tecnologia com um crescente enxame de startups como a Rigetti a persegui-las. A China e a União Europeia lançaram novos programas com a disponibilidade de milhões de euros para estimular a pesquisa e desenvolvimento quântico. Nos EUA, a Casa Branca de Trump criou um novo comité para coordenar o trabalho do governo em matéria da ciência da informação quântica. Não está claro quais serão as primeiras aplicações práticas desta computação ou quando aparecerão. Mas existe a sensação de que quem for o primeiro a tornar estas máquinas úteis, terá grandes vantagens económicas e de segurança nacional.
No mundo de agora, os processadores quânticos são demasiado simples para realizar trabalhos práticos. A Google está a trabalhar para realizar uma demonstração conhecida como supremacia quântica, na qual um processador quântico resolveria um problema de matemática cuidadosamente projectado. Mas isso seria um marco histórico científico e não propriamente a prova de que a computação quântica está pronta para a nossa vida do dia-a-dia.
Apesar de toda a incerteza de quando a era da computação quântica realmente começará, as grandes empresas de tecnologia argumentam que os programadores precisam preparar-se agora. Já. A Google, a IBM e a Microsoft lançaram ferramentas de código aberto para ajudar os codificadores a familiarizarem-se com programas de escrita para hardware quântico. A IBM até começou a oferecer acesso on-line a alguns de seus processadores quânticos, de modo a qualquer um poder experimentar. A longo prazo, as grandes empresas de computação já se vêem a ganhar dinheiro a cobrar às organizações o acesso a centros de dados repletos de processadores quânticos superarrefecidos.
Quanto a nós, consumidores, parece que ainda temos tempo para poupar para o tal iPhone Q.