Reportagem

Será que a banca e os seguros estão preparados para o futuro?

Bancos e fintechs devem colaborar para terem sucesso

No painel que reuniu fintechs e players do mercado financeiro e de pagamentos, falou-se da evolução dos pagamentos, do crescimento das oportunidades de negócio criadas pelas inovações tecnológicas e experiências seamless para os consumidores.

Paulo Raposo, country manager da Mastercard Portugal, apontou que a «colaboração com parceiros tem sido «fulcral» para a «evolução do mercado de pagamentos» e que a Mastercard está apostar em «trazer as fintechs para o mundo real».

Já por sua vez, Sebastião Lencastre (Easypay) referiu que as principais diferenças entre as empresas como a sua e as instituições financeiras tradicionais são a «agilidade, a facilidade e a escalabilidade». O CEO referiu o exemplo da Unicef que usa a Easypay e que tem apenas uma pessoa a tratar de todos os pagamentos por débito directo desde 2011, tendo aumentado o número de pagamentos de 121 mil para 413 mil, desde essa data até hoje.

Tiago Oom da Unicre recordou que «as fintechs só existem porque existem os bancos» e que a PSD2 vai trazer novas «formas de colaboração» e «oportunidades de negócio» para ambos.

«As futuras gerações não vão saber ir a um banco» alertou Ricardo Costa, CEO da Loqr, durante a conferência. O executivo acredita que já não é nos millenials que se deve pensar, mas sim nas gerações ainda mais novas pois são eles os clientes do futuro. Para o responsável, as novas «empresas financeiras de base tecnológica são ágeis, não têm problemas de legacy, nem de compliance, nem de IT», sendo essas as verdadeiras “armas” para ter um serviço diferente e «criar relações com os clientes». «É preciso ter uma visão holística digital para ter sucesso no processo de transformação que está a acontecer», acrescentou.

A transformação digital nos seguros

Luis Batista apresentou também o Capgemini World Insurance Report. O relatório, elaborado em parceria EFMA, existe há já onze anos e abrangeu 26 mercados, entre os quais Portugal. Uma das principais conclusões é de que os seguros devem acelerar a adoção digital para atingir os novos desafios. Este será, de acordo com o executivo da Capgemini Portugal, «um factor crítico para o sucesso». Além disso, as seguradoras devem conseguir ter agilidade digital e organizar um ecossistema integrado para conseguirem reter os seus clientes e enfrentar a disrupção provocada pela entrada de novos players no setor, como a Amazon Protect.

A verdade é a de que as grandes tecnológicas estão a entrar (ou a pensar nisso) no mercado aproveitando o desfasamento que ainda existe entre a oferta digital e tradicional das seguradoras. Segundo o estudo, 29,5% dos clientes estão dispostos a adquirir seguros às chamadas Bigtechs, como a Google e Apple, o que vai obrigar as seguradoras a criarem modelos operacionais capazes de responderem às novas preferências dos consumidores.

Outro dado do relatório é mais de 50% dos inquiridos disse já estar a realizar projetos pilotos que integram inteligência artificial para oferecer melhores soluções aos seus clientes.

Tal como no caso da banca, a colaboração com as insurtechs parece ser a chave para um futuro risonho.