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Blockchain: em nome da transparência virtual?

O que é a blockchain?

Blockchain é um registo público digitalizado, e descentralizado de todas as criptomoedas. Crescendo constantemente à medida que os blocos “concluídos” (as transacções mais recentes) são gravados e adicionados em ordem cronológica, o blockchain permite que os participantes no mercado acompanhem as transacções da moeda digital sem a manutenção central de registos.
Cada “nó” (um computador ligado à rede) obtém uma cópia da blockchain, que é descarregado automaticamente.

Originalmente desenvolvido como método de contabilidade para a moeda virtual Bitcoin, a blockchain – que usa o que é conhecido como tecnologia de contabilidade distribuída (DLT- Distributed Ledger Technology) – já aparece hoje numa variedade de aplicações comerciais.
Actualmente, a tecnologia é usada principalmente para verificar transacções, dentro de moedas digitais, embora seja possível digitalizar, codificar e inserir praticamente qualquer documento na blockchain. Isso cria um registo indelével que não pode ser alterado. Além disso, a autenticidade do registo pode ser verificada por toda a comunidade usando a blockchain em vez de uma única autoridade centralizada.
Fonte: Investopedia

A História

Desde a sua criação em 2008 pelo misterioso Satoshi Nakamoto, a Bitcoin fascina o mundo técnico e transtorna a aplicação das leis. A criptomoeda digital ficou famosa por abastecer a Silk Road, um mercado famoso pela venda de drogas ilícitas, porém posteriormente foi aceite comercialmente por estabelecimentos como Expedia e Overstock.com. Recentemente, a Bitcoin é alvo de muita atenção devido às suas intensas variações de preços e à introdução de futuros Bitcoin.
Embora a Bitcoin e as criptomoedas concorrentes apareçam nas manchetes, muitos especialistas do mercado acreditam que a tecnologia subjacente que possibilita a existência da Bitcoin possível – conhecida como “blockchain” – tem a capacidade de influenciar profundamente o futuro das finanças globais.

A evolução do modelo

A blockchain vai, certamente, crescer bastante nos próximos anos, pelo menos segundo vários analistas. «Estamos a falar de uma tendência à escala mundial e de uma tendência de longo prazo. Uma tendência que vai afectar não só a parte académica, mas muito mais as empresas. A blockchain vai ter um impacto, no mínimo, igual ao que a Internet teve em 1994; a Internet nasceu antes, mas começou a popularizar-se a partir da década de 90, atingindo o seu pico a partir dos anos 2000. Do mesmo modo, apesar da Blockchain já ter nascido na década passada, vai começar a popularizar-se a partir de agora, ganhando momento na década seguinte».

Chegamos ao paraíso?

Não propriamente. Como tudo, há várias frentes de uma mesma batalha. Esta ainda está no início pelo que as “baixas” ainda não são demasiado evidentes. Don Tapscott, um dos pioneiros na análise da economia digital e que lidera a investigação sobre as aplicações de blockchain, diz que não é um exagero considerar esta inovação uma das mais relevantes na ciência da computação. E chama-lhe a segunda era da Internet. Ao contrário de outros teóricos, Don Tapscott diz que a blockchain não vai tornar os governos e os bancos centrais irrelevantes, mas antes torná-los mais transparentes. Uma coisa é certa: esta série promete novas temporadas.

Cinco princípios básicos subjacentes à blockchain

  1. Banco de Dados Distribuído

Cada parte, num blockchain, tem acesso ao banco de dados inteiro e ao seu histórico completo. Nenhuma parte individual controla os dados ou as informações. Cada parte pode verificar os registos dos seus parceiros de transacção directamente, sem um intermediário.

  1. Transmissãopeer-to-peer

A comunicação ocorre directamente entre os pares, em vez de através de um nó central. Cada nó, ou utilizador, armazena e envia informações para todos os outros nós.

  1. Transparência com o pseudónimo

Todas as transacções, e seu valor associado, são visíveis para qualquer pessoa com acesso ao sistema. Cada nó, num blockchain, tem um endereço alfanumérico exclusivo de mais de trinta caracteres que o identifica. Os utilizadores podem optar por permanecer anónimos ou fornecer prova da sua identidade a outras pessoas. As transacções ocorrem entre endereços blockchain.

  1. Irreversibilidade dosregistos

Depois de uma transacção ser inserida no banco de dados e as contas atualizadas, os registos não podem ser alterados, porque estão vinculados a cada registo de transacção que veio antes deles (daí o termo ‘cadeia’). Vários algoritmos e abordagens computacionais são implantados para garantir que a gravação no banco de dados seja permanente, ordenada cronologicamente e disponível para todos os outros na rede.

  1. Lógicacomputacional

A natureza digital significa que as transacções de blockchain podem ser vinculadas à lógica computacional e, em essência, programadas. Assim, os utilizadores podem configurar algoritmos e regras que acionam automaticamente transacções entre nós.

Publicado na businessIT 13, de Abril de 2018