Opinião

A relevância dos dados na transformação digital

Luis GrinchoLuis Grincho

Seguramente que não será arrojado dizer que todas as empresas e os seus líderes, hoje em dia, já ouviram falar da transformação digital e já reflectiram sobre o assunto. A transformação digital não se limita à tecnologia, mas é óbvio que está intimamente ligada ao que hoje podemos fazer com ela. Mas a que se deve este enorme burburinho sobre a transformação digital? Quais foram os acontecimentos que levaram este tema para a ordem do dia da maioria das organizações?

As organizações são feitas por pessoas, pelos seus processos, pelos produtos e serviços que disponibilizam. Além disso, devem estar concentradas nos seus clientes ou utentes e, como tal, sujeitas às mudanças que daí advêm, sejam elas processuais ou intrínsecas aos colaboradores ou às aplicações. Face a esta constante mudança, o que é que afinal se mantém imutável numa organização? Os seus dados!

O incrível crescimento dos dados nas organizações

Não há muitos anos, os dados gerados e mantidos nas aplicações empresariais eram as únicas fontes de dados utilizadas nas organizações. Actualmente, com o aparecimento de um vasto leque de dispositivos inteligentes (smartphones, smartwatches, automóveis, sensores, entre outros), que podem comunicar e partilhar a informação por eles gerada, juntamente com a pegada digital que deixamos na Internet e nas redes sociais, verificamos que o volume de dados e a diversidade dos mesmos é de uma dimensão muito superior àquela que encontrávamos no início do século XXI. Se a isto juntarmos a variedade de formatos e o tipo de informação que podemos tratar, que pode trazer um conhecimento muito valioso para uma organização, conseguimos facilmente entender os números do estudo da The Forrester Wave, que afirma que entre 60% a 73% dos dados nas organizações não são utilizados no contexto de análises de negócio.

A mudança provocada pela tecnologia

O número crescente de computadores com cada vez mais capacidade de processamento, o facto atual de trabalharmos os dados em memória e não em discos, assim como a própria concepção das soluções de hoje e a respectiva capacidade de compressão de dados, possibilitaram não só lidar com o maior volume de informação, como também responder aos desafios de negócio exactamente no momento em que a informação é precisa.

O aparecimento de plataformas de Big Data, que dispõem de uma vasta capacidade de trabalhar vários tipos e formatos de dados, assim como de possibilitarem o tratamento destes mesmos dados no contexto em causa (event streaming) e, ainda, a interligação desta informação com a informação de negócio produzida nas aplicações empresariais, veio permitir a imaginação de cenários de utilização disruptivos, que já originaram novos modelos de negócio, novos processos e novas formas de trabalho nas organizações.

A tecnologia de hoje permite-nos tomar decisões de negócio mais fundamentadas e acertadas, exactamente porque coloca à nossa disposição toda e somente a informação de que necessitamos nesse momento para tomar essa decisão.

Dados com utilidade hoje e amanhã

Numa altura em que o volume de dados disponível continua a crescer, o maior valor para as organizações reside na informação e nas formas de a utilizar para se diferenciar. Os algoritmos de machine learning e de inteligência artificial, trazidos pela tecnologia de hoje, vêm permitir que as nossas soluções aprendam a partir da informação que vai sendo gerada e automaticamente adequem as ações em função desses mesmos dados. Os modelos matemáticos e o conhecimento estatístico estão hoje mais acessíveis a qualquer gestor de negócio, permitindo que não só trabalhe sobre a informação existente, como também seja capaz de prever o futuro.

Luís Grincho – Director de Base de Dados & Data Management