Já há exemplos em Portugal
Já a Oracle garante que existem várias empresas portuguesas a tirar partido dos conceitos de Big Data Analytics. «O Big Data veio fazer com que as empresas começassem a olhar para dados que no passado eram descartados ou não eram analisados. Ao passarem a armazenar e analisar esses dados, existem duas formas imediatas de tirar partido deles, a mais simples e mais comum é verificar que alguns processos de negócio, processos internos ou simplesmente a forma como as empresas estavam a fazer determinada tarefa, poderá ser optimizada, melhorada ou alterada», disse João Borrego, sales consulting senior manager da Oracle.
A segunda forma mais comum de tirar partido de tecnologias de Big Data que que João Borrego menciona é fazer a correlação de dados de uma empresa, com dados de terceiros, cumprindo os requisitos legais, como privacidade de dados ou anonimização dos mesmos e a partir dessa análise, fazer parcerias, iniciar novas áreas de negócio ou até mesmo iniciar processos de transformação.
«Em Portugal, aquilo que temos observado, tem sido a utilização de tecnologias de Big Data, nos mais diversos sectores de atividade, do sector público ao setor privado. No sector público, existem exemplos de análise de dados para detecção de fraude, detenção de padrões anormais em informação dos cidadãos, correlação de dados entre organismos, entre outros. No privado verifica-se uma lógica mais voltada para fazer mais e melhor negócio, histórico de vendas/compras, relacionamento com clientes, deteção de padrões de compra, sugestões para cross-selling, manutenção preventiva de equipamentos, etc…»
Empresas empenhadas em optimizar
As empresas portuguesas estão muito empenhadas em optimizar processos e ganhar vantagem num mercado altamente competitivo e que tem cada vez menos fronteiras. Pelo menos esta é a experiência que a IBM tem no posso país.
Nuno Miguel Maximiano, analytics portfolio na IBM Portugal, admite que as empresas estão a olhar com muita atenção para o valor acrescentado que pode ser gerado através de soluções de Big Data, embora se verifiquem ainda diversos níveis de maturidade quanto à sua adopção. «Alguns sectores, fruto da sua natureza mais competitiva, estão já a utilizar o Big Data para conhecer melhor os seus clientes, as suas preferências e a propor ofertas personalizadas às necessidades individuais de cada cliente».
Os eternos silos empresariais
A Google está do lado dos fornecedores que acreditam que Portugal ainda está a dar os primeiros passos no Big Data. «Embora existam alguns exemplos interessantes de Big Data em ação em Portugal (especialmente no mundo das stratups), ainda existem alguns factores que nos impedem de alavancar esta oportunidade para a vantagem das empresas portuguesas.
Entre esses factores, Bernardo Correia, country manager da Google em Portugal, diz estar a organização das nossas empresas. «Ainda há muitas barreiras e silos dentro das organizações portuguesas que devem ser quebradas para que os dados fluam livremente e possa ser estruturados e usados de forma horizontal».
Um exemplo dado por Bernardo Correia é o facto de os dados do centro de atendimento não estarem disponíveis para a equipa digital. Ou marcas dentro da mesma organização não terem acesso ao conjunto de dados uns dos outros. A mentalidade e o uso da infra-estrutura correcta foram outros aspectos mencionados pelo country manager.
A banca em Portugal ainda não aderiu
A Xpand IT reclama estar na implementação dos primeiros projectos em Portugal. E por isso afirma que já existe um nível de adopção significativo, na sua grande maioria em grandes empresas – mas também em algumas de menor dimensão – com projectos em produção ou em vias de produção no curto-prazo.
Nuno Barreto, partner & Big Data lead ressalva, no entanto, o facto da a área da banca estar ainda algo adormecida para esta realidade. «No estrangeiro, em especial no Reino Unido – onde temos escritório há quase dois anos – esta não é a experiência que temos, já que a banca está numa fase de adopção de tecnologias Big Data muito acentuada».
Com Big Data, as empresas conseguem ter uma visão única sobre cada um dos clientes, independentemente da forma de contacto.
Nuno Barreto assegura que a tecnologia tem evoluído em diversas direcções e, hoje em dia, apresenta um nível de maturidade que permite a sua utilização para a resolução de inúmeros problemas, tais como problemas de processamento de grandes volumes de dados numa lógica batch, de processamento de dados em streaming e na utilização de contextos de Data Science.
Revolução no atendimento ao cliente
Para empresas que se movam no sector do contact center, como é o caso da Altitude Software, o Big Data veio, sobretudo, mudar a forma como as empresas se relacionam com os seus clientes. Raquel Serradilla, VP da Altitude Software para o Sul da Europa, expõe que o volume de informações gerado pelo atendimento omni-canal e pela introdução de tecnologias de inteligência artificial, como os chatbots, é mais elevado que nunca e permite conhecer a fundo o consumidor.
«Por conseguinte, as empresas conseguem ter uma visão única sobre cada um dos seus clientes, independentemente da forma de contacto». Aliás, Raquel Serradilla diz que este sector é o cenário ideal para investimentos em soluções de Big Data que proporcionem a gestão estratégica da informação extraída, a melhoria no atendimento aos clientes, culminando com resultados mais expressivos.
