O Icobrain é usado pelo departamento de Imagiologia do Hospital CUF Infante Santo e possibilita detectar «precocemente pequenas novas alterações nos doentes com esclerose múltipla e avaliar as alterações do volume cerebral em doentes com alterações da memória». Este é um passo importante para ajudar neurologistas no «diagnóstico» e na «optimização da terapêutica medicamentosa» destas doenças, explica Tiago Baptista, neurorradiologista na unidade hospitalar lisboeta. O profissional de saúde esclarece também que é «uma ferramenta muito útil para os médicos neurorradiologistas, que passam a ter uma maior capacidade de resposta nestas duas patologias». Além disso, os algoritmos da solução tecnológica poderão ser aplicados para ajudar no diagnóstico e tratamento de outras doenças como é o caso de «doentes que tenham sofrido traumatismos cranianos graves».
Sem o software da Icometrix, o processo habitual é uma «avaliação semiqualitativa visual». Tiago Baptista revela como decorria o procedimento antes do Icobrain estar disponível: «Comparávamos os exames antigos e recentes e tentávamos perceber se tinha ocorrido uma modificação em número ou em volume das lesões cerebrais e, assim, identificar o agravamento da doença». Isto originava uma «validação morosa» e «passível de não ser correta, pois a nossa capacidade de avaliar um volume ou alteração mínima não é tão precisa como a de um computador», diz o neurorradiologista.
Precisão é a mais-valia
O novo software usa algoritmos com recurso a IA para analisar e «precisar, numericamente, se há actividade da doença, ou se as lesões estão estáveis». A maior «precisão do diagnóstico» de demência, e, no caso de pessoas que têm esclerose múltipla, «a antecipação da necessidade de ajustar a terapêutica», oferecem uma qualidade de vida superior aos doentes. Tiago Baptista dá um exemplo: «Se um doente apresenta um exame estável ao longo do tempo, tendemos a manter a terapêutica. Por outro lado, se se verificar uma alteração no volume e no número de lesões, significa que a terapêutica instituída pode não estar a ser eficaz e, assim, é possível ajustar a terapêutica mais precocemente». Segundo o médico neurorradiologista, isto poderá corresponder a «uma redução em cerca de dois anos em regimes terapêuticos não optimizados».
Sobre o potencial da inovação, o profissional de saúde da CUF diz que «é enorme» e que se espera uma «evolução extraordinária no futuro próximo» mas acredita que ainda se estão «a dar os primeiros passos no que se refere à inteligência artificial aplicada à Medicina».