Em Foco

A profecia do 5G

Em 2011, o “mundo” começou a trabalhar no padrão 5G. A próxima geração de rede de internet móvel promete velocidades mais rápidas de download e upload, cobertura mais ampla e ligações mais estáveis. A “profecia” deverá ser verdadeiramente cumprida em 2022.

Se fosse preciso resumir os primeiros três meses do ano no sector das TIC não estaríamos muito longe da verdade se usássemos apenas uma sigla: ‘5G’. Começando no CES, o evento de Las Vegas que abre a temporada deste mundo das tecnologias, terminando no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, tudo passou pela próxima geração de redes sem fio.

A Samsung anunciou o seu primeiro telefone com capacidade para 5G, o S10.  A Huawei veio logo a seguir incorporar a sigla no Huawei Mate X. A Qualcomm anunciou um novo modem 5G. Do Qatar aos Estados Unidos, vão sendo anunciadas as primeiras redes que irão ser compatíveis esta nova geração, isto só para dar alguns exemplos. Entretanto, do outro lado do Atlântico, o presidente Trump, mais profeta que a própria profecia, já pensa no 6G. «Quero a tecnologia 5G, e até 6G, nos Estados Unidos, o mais rápido possível», escreveu Trump num tweet pedindo às operadoras que acelerem o ritmo. «É muito mais poderoso, mais rápido e mais inteligente que o padrão actual». Sê-lo-á, um dia.

Mas para já, e como a paciência é a virtude dos sábios, Donald Trump vai mesmo ter de continuar a usar o Twitter num equipamento ‘old fashioned’ 4G. Ou seja, Trump não verá nada chamado ‘6G’ durante sua presidência, mesmo que seja reeleito no próximo ano. O 3GPP, a organização responsável pela padronização das tecnologias de redes sem fio, começou a trabalhar no padrão 5G em 2011 e ainda não o finalizou completamente. Nenhum grupo começou, sequer, a trabalhar num padrão 6G. Será preciso uma década, ou mais, antes que qualquer coisa chamada ‘6G’ chegue.

O 5G vai mudar tudo

Voltando à actualidade, e em toda esta verdadeira enxurrada de informação e lançamentos 5G, a postura da americana Verizon ganhou, no início deste ano, particular relevo. Hans Vestberg, o sueco que estávamos habituados a ver à frente da Ericsson (outra empresa que tem vindo a influenciar o ritmo do desenvolvimento do 5G), apimentou o seu discurso em Las Vegas com profecias: o 5G vai mudar tudo e até alimentar a quarta revolução industrial, disse.

Vestberg não estava sozinho nas suas previsões para os ganhos que a emergente tecnologia sem fios de alta velocidade vai oferecer. Quer no CES, quer no MWC, executivos e analistas fizeram declarações audazes sobre as capacidades do 5G.

Os analistas de telecomunicações e os da indústria dizem que o 5G “real” – ou seja, uma rede de antenas que pode transmitir um sinal de dados de alta velocidade para aparelhos e dispositivos capacitados para o receber – não se tornará realidade, pelo menos, no próximo ano.