Reportagem

Fujifilm escolhe o Porto para estrear a House of Photography

A marca japonesa criou um espaço que junta a comunidade à estratégia empresarial. A abertura reforça, não só a presença cultural da empresa, mas também a relevância do mercado português nas decisões da multinacional.

© businessIT

A Fujifilm inaugurou a sua primeira House of Photography em Portugal: fica na Rua Sá da Bandeira, no centro do Porto. O novo espaço, que combina loja, galeria e centro de experiências, representa uma aposta da multinacional japonesa na ligação entre a inovação tecnológica e a cultura fotográfica, reforçando o posicionamento da marca no mercado ibérico.

À businessIT Pedro Mesquita, director-geral da Fujifilm para Portugal e Espanha, explicou que o investimento – avaliado em meio milhão de euros – é «mais simbólico que comercial», destinado a consolidar a notoriedade da empresa e a promover a sua ligação à comunidade. «Percebemos que este investimento não era para ter um retorno directo. É uma aposta em branding, em marketing, em revitalização. Procuramos neste espaço uma área experiencial que dê notoriedade à marca», afirmou.

O gestor sublinha que o projecto espelha o ADN da Fujifilm e a sua perseverança no sector fotográfico, mesmo após a revolução digital: «A fotografia é uma área em que continuamos desde sempre, desde o pico da digitalização que terminou quase com a fotografia. Acho que nós somos os últimos dos moicanos na fotografia, e a decisão foi acertada, porque, hoje, a fotografia está cada vez mais a democratizar-se.

O digital não afastou o público
Na visão de Pedro Mesquita, o avanço da tecnologia digital não afastou o público da fotografia. Pelo contrário, ampliou o seu alcance e renovou o interesse pela imagem: «Ao contrário do que se podia pensar, que os telefones acabariam com a fotografia, não é verdade. Acho que os telefones potenciaram o interesse pela cultura fotográfica. A Fujifilm decidiu posicionar-se no que é tecnologia de ponta, de alta resolução, com especificidades para os profissionais, mas também para todos os amantes da fotografia».

O espaço do Porto, com 220 metros quadrados e dois pisos, reúne zonas de exposição, demonstração de equipamentos e realização de eventos e “workshops”. A exposição inaugural, assinada pelo fotógrafo Leonel Castro, assinala a vontade da empresa de aproximar a fotografia do público, com uma programação que conjugará artistas nacionais e internacionais.

Para além da dimensão cultural, a inauguração reforça a importância crescente de Portugal dentro da estrutura europeia da Fujifilm. No País, em Vila Nova de Gaia, está o «maior centro europeu de assistência técnica» da marca: o Global Service Center, criado após o Brexit, é hoje uma das peças-chave do grupo. «Portugal é uma subsidiária situada num país com apenas dez milhões de habitantes, mas com uma equipa de gestão muito criativa. Decidimos fazer novos projectos e o Global Service Center é realmente um deles. É a nossa forma de aportar valor dentro do grupo, desde Portugal para a Ibéria, para a Europa e para o mundo», sublinha Pedro Mesquita.

O responsável destaca ainda o espírito de iniciativa que tem caracterizado a operação portuguesa. «Temos uma característica de sermos inquietos, de gostarmos de fazer novos projectos. E acho que explicámos ao management europeu e mundial que sabemos executar bem. Acho que estas são as características dos portugueses».

Chegar aos 63 milhões em 2025
Em termos de estrutura, a Fujifilm Portugal conta com cerca de 170 colaboradores e encerrou o último exercício fiscal com uma facturação recorde de 55 milhões de euros, mais 12% face ao ano anterior. A área da saúde representa cerca de metade do negócio, seguida pela fotografia (“imaging”, com 35%) e pela comunicação gráfica (15%). A empresa prevê atingir 63 milhões de euros em 2025, com um crescimento de 5 a 6%, impulsionado pela procura sazonal de final de ano e pela consolidação das suas áreas tecnológicas.

O director-geral da Ibéria destaca ainda as diferenças entre os dois mercados sob a sua responsabilidade. «Portugal é uma subsidiária com uma dimensão pequena, mas com uma cultura muito própria. Não há um país chamado Europa, e isto aplica-se também à Ibéria. Não há uma Ibéria; há uma região que é diferente. Há uma Espanha e há uma Portugal, com realidades distintas», afirma.

A escolha do Porto para acolher o primeiro espaço da marca em Portugal teve também uma dimensão estratégica e simbólica: «O Porto tem todas as condições para ser um sucesso. Estamos num momento de grande dinamismo. É claro que a proximidade com o nosso escritório ajuda, mas o Porto tem uma energia própria, uma ligação muito forte à criatividade e à imagem. Foi a escolha natural para começar», explica Pedro Mesquita.

O gestor adianta que o Porto é apenas o início de um plano mais amplo: «Começámos em Londres, inaugurámos ontem Barcelona e este é o terceiro espaço na Europa. Há um plano de expansão e queremos também crescer em Portugal. Não sabemos quando, mas queremos expandir».

A nova House of Photography reforça, assim, a ligação entre a tradição da marca e a sua visão de futuro, num ponto de encontro entre tecnologia, arte e comunidade. Como sintetiza Pedro Mesquita, a fotografia «faz parte da carga genética da Fujifilm, e este espaço é uma forma de continuar a honrar essa herança, não apenas mostrando o que fazemos, mas convidando as pessoas a fazer connosco».

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