A Beta-i nasceu em 2009 (o mesmo ano em que a Web Summit aconteceu pela primeira vez na Irlanda) e, ao longo dos anos, a consultora de inovação tem evoluído. Diogo Teixeira explicou à businessIT como tem sido esse caminho e fez um balanço dos últimos anos: «O contexto hoje de negócios é um contexto de permanente alteração e a principal mudança aconteceu há cerca de 2 anos. Para prestarmos serviços de inovação que, de facto, façam mexer a agulha do negócio dos nossos clientes, precisávamos de incorporar não só o know-how, mas também a capacidade tecnológica. Foi por isso que fomos ao mercado e acabámos por anunciar, em Janeiro deste ano, o investimento na Beta-i da FCamara, uma grande empresa tecnológica brasileira que está no seu processo de expansão».
O CEO da consultora salienta que esta junção permite oferecer mais-valias aos clientes: «A Beta-i tem uma missão muito clara que é permitimos que os nossos clientes inovem de forma mais rápida e com menor risco possível. Agora trazemos conhecimento, expertise e capacidade tecnológica para os projectos onde estamos de uma forma mais natural».
O responsável deu um exemplo: «Há óptimas startups que não conseguem trabalhar, com grandes clientes porque não passam nos critérios de cibersegurança das grandes empresas. Hoje, a Beta-i com as suas capacidades pode ajudar essas startups a desenvolverem-se para chegarem ao nível que podem trabalhar com grandes empresas».
Aposta na IA
Diogo Teixeira revelou ainda que têm estado a investir bastante em IA: «Vimos que a adopção de inteligência artificial por parte de empresas de média e grande dimensão é muito um desafio de inovação, porque é preciso identificar onde é que estão as oportunidades, perceber quais são os pilotos ou as provas de conceito que mais rapidamente vão provar o seu valor. E é preciso também trabalhar com os colaboradores dessas empresas para criar uma dinâmica de adopção das ferramentas de IA. Estas três coisas são o Build-Measure-Learn que sempre aplicamos do ponto de vista de metodologia de inovação. Assim, estamos a ajudar clientes nos seus processos de transformação com o IA, algo que antes de Janeiro não conseguiríamos fazer. E depois, muitas vezes, na ponta da linha destes processos, é uma startup ou é a própria Beta-i que constrói o piloto».
O responsável referiu ainda outros projectos que estão a desenvolver, nomeadamente, «uma plataforma tailor-made para um cliente na dimensão da inovação» e «a ajudar as equipas de inovação a adoptar ferramentas de IA». O CEO da Beta-i esclareceu que «há toda uma lógica de tecnologia que agora trazemos, que antes não tínhamos, sempre nesta perspectiva de permitir que os nossos clientes inovem mais rápido e com menos risco, ou seja, mantendo este baseline da inovação colaborativa que sempre tivemos».
Cooperar é fundamental
Sobre a inovação colaborativa e aberta, Diogo Teixeira referiu que o mais importante é a cultura: «Se estivermos a falar de clientes muito grandes, de facto existe uma grande cultura de partilha e de colaboração. Um grande exemplo disso é um projecto que temos em parceria com a Vieira de Almeida que se chama Innovation Club. Esta iniciativa junta 20 empresas e todos os meses os seus directores de inovação juntam-se para ouvir uma palestra de um convidado e para debaterem a aplicação dos temas que esse convidado trouxe nas suas organizações. E já há colaborações que estão a nascer entre essas empresas».
Outros projectos em que a Beta-i está envolvida são a ligação entre startups e grandes empresas portuguesas. O responsável disse que «as principais grandes empresas hoje trabalham activamente com startups, e isso é prova de que existe hoje uma cultura de inovação aberta e de colaboração. Muitas delas estão a perceber que hoje em dia as propostas de valor são articuladas». O CEO realçou um projecto em que a EDP ganhou, em parceria com uma startup, um concurso para fornecer energia limpa à fábrica da Heineken nos arredores de Lisboa e no qual a Beta-i esteve envolvida.
Diogo Teixeira disse acreditar que «onde existe ainda caminho a fazer é nas médias empresas» relativamente à inovação colaborativa, ou seja, «em trabalhar com startups ou com empresas inovadoras ou com universidades, e esse é um caminho que as empresas vão ter que fazer», acrescentou.
Perspectivas para o futuro
Sobre o futuro, o CEO da Beta-i não tem dúvidas que serão tempos desafiantes, mas promissores: «Estamos numa fase muito interessante, muitas alterações, algumas delas assustam. Acho que em boa hora a Beta-i trouxe competências tecnológicas, porque de facto estamos num momento de grande disrupção onde a inteligência artificial vai mudar a forma como se trabalha e já está a mudar a forma como as empresas podem ganhar dinheiro. Mas há uma dimensão que não pode ser esquecida, que é a dimensão das pessoas. A adopção da tecnologia não vai acontecer com truques de magia e não é por decreto que as pessoas vão passar a utilizar as ferramentas da IA, até porque muitas delas se sentem ameaçadas. Por isso há aqui um trabalho de change management, transformação, adopção, para que haja resultados, que vai ser preciso fazer de uma forma muito consistente nos próximos anos».
E é precisamente nesta vertente que a consultora pode ajudar: «A missão da Beta-i foi sempre ligar tecnologia e pessoas, e por isso acreditamos que ao estarmos juntos com os nossos clientes e percebermos as suas dores verdadeiras, vamos ter muito valor para aportar neste momento de grande transformação. Queremos ser esta ligação entre tecnologia e pessoas, queremos ser um braço de apoio seguro dos nossos clientes, porque sentimos que eles também estão ansiosos, e queremos trazer calma e ajudá-los nesta transformação passo a passo. O s sinais que temos é que o mercado só vai crescer, e por isso isso é positivo para a Beta-i. E temos também uma lógica de crescimento internacional, tem sido um caminho de tentativa, mas acreditamos que nos próximos dois anos vamos ter alguns projectos internacionais interessantes».






