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Data centers vão contribuir com 3,7 mil milhões para o PIB português até 2031

A Portugal DC reuniu os jornalistas, em Lisboa, para apresentar o Market Outlook Data Centers Portugal 2025. O estudo mostra como o sector vai impulsionar economia nacional e prêve que a criação de mais de 9 400 postos de trabalho até 2031.

Luis Duarte © Portugal DC

A Associação Portuguesa de Centro de Dados (Portugal DC) apresentou o primeiro estudo completo sobre o mercado nacional de data centers feito em parceria com com a consultora europeia Pb7 Research. Este reflecte como o crescimento da IA e da computação intensiva está a aumentar a procura por infraestruturas energeticamente eficientes e com elevada densidade de potência e como País responde a estas necessidades.

Luís Duarte, presidente da entidade, explicou que se vivem «tempos absolutamente incríveis em que Portugal está a passar de ser uma economia digital de periferia para ser um pivot no cenário europeu e no cenário global» e que o País «consegue atrair agora muito investimento estrangeiro».

O responsável avançou que «este posicionamento como um destino alternativo a outras geografias europeias, que já estão saturadas, permite trazer benefícios para Portugal que passam pela expansão da rede eléctrica e pela própria expansão da rede de conectividade».

Esta atractividade deve-se sobretudo à quantidade de por cabos submarinos internacionais que amarram em Portugal, ligando o País a todos os continentes, além dos pontos de intercâmbio de tráfego (IXPs) existentes e da concentração de Transit Providers Tier 1.

Rita Lourenço, vice-presidente da associação, realçou ainda que «o custo de energia também é muito mais baixo» e a «percentagem de energia verde também é maior do que outros países da Europa».

Entre os principais dados relevantes do Market Outlook Data Centers Portugal 2025, Luís Duarte salientou o aponta para «um crescimento da potência de IT de 40 vezes até 2031», prevendo-se que, «em 2031 sejam consumidos cerca de 8,5 TWh/ano».

A nível de sustentabilidade, «Portugal situa-se na frente da Europa, ou seja, estima-se que possa atingir a meta da neutralidade carbónica cinco anos antes da data limite, em 2045, e já é um líder nesta matéria. O mix de energias verdes na produção de energia eléctrica em Portugal é superior a 70% e isso é bastante impactante para este sector, uma vez que é bastante intensivo na utilização de energia», sublinhou Luís Duarte.

Além disso, o responsável falou do impacto económico que o mercado dos data centers vai ter na economia nacional: «uma CAGR de 50%», com um «impacto no PIB chegando a 3,7 mil milhões de euros em 2031» quando no ano passado foi de 160 milhões de euros.

Por outro lado, nos próximos seis anos, o investimento corresponderá «a 13 mil milhões de euros», sendo que este valor corresponde à «infraestrutura, construção civil, ar condicionado, electricidade» e «exclui o hardware que é colocado entre os data centers». Luís Duarte esclareceu que «há cerca de 10 centros de dados que já estão em pipeline para a construção».

Em 2024, o sector gerou 2800 empregos directos e indirectos, além de 670 empregos induzidos e espera-se que, até 2031, irá criar de mais de 9400 postos de trabalho a tempo inteiro. Aqui reside um dos principais desafios já que será preciso apostar na «atracão e requalificação» de profissionais, assegura o presidente da Portugal DC.

A associação tem actuado, nesta área «através protocolos com fundos europeus para a qualificação de técnicos especializados nesta área. O primeiro foi assinado foi com a Escola Tecnológica do Litoral Alentejano para a formação profissional seja especializada». Luís Duarte disse ainda este «é um trabalho onde terá de haver investimento do governo para que na ligação às universidades, às escolas profissionais, seja feita esta interligação e a actualização dos programas de acordo com as competências que são necessárias no sector».

Já Rita Lourenço acrescentou que a Portugal DC participou «com um módulo específico de Data Centers numa pós-graduação em transição energética e tem outra parceria com Data Center Academy», uma formação com vários níveis em que a associação ajuda a garantir que os formandos «façam o estágio numa das empresas» do sector.

Os mecanismos de licenciamento PIN, os incentivos fiscais e o alinhamento com os fundos europeus têm sido aspectos determinantes na atracção de investimento, adianta o estudo. O apoio do Governo, além do talento, também tem de incidir no lado regulatório já que será essencial para consolidar Portugal como um centro digital sustentável e competitivo.

O presidente da Portugal DC referiu ainda que «Portugal tem uma oportunidade histórica de combinar energia verde com inovação tecnológica e captar investimento de longo prazo. O desafio agora é transformar todo este potencial numa realidade económica estruturada e sustentável, que possa perdurar no tempo e alicerçar-se como motor de desenvolvimento com grande impacto também social. Neste sentido, o apoio político continuado será decisivo para manter o impulso do sector».

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