A inSignals Neurotech surgiu da investigação feita no Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do INESC TEC e desenvolveu um dispositivo que se usa na mão e que permite «quantificar alguns dos sintomas motores da doença de Parkinson». Esta quantificação «facilita o diagnóstico e algumas das terapias», explica João Paulo Cunha, co-fundador da startup, coordenador do C-BER do INESC TEC e professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
O responsável revela alguns casos em que este dispositivo se pode usar: «Os resultados que temos mostram que a sua utilização em cirurgias de estimulação cerebral profunda permite ajudar na procura do melhor posicionamento dos eléctrodos de estimulação dentro do cérebro. Antes, este posicionamento era feito por uma “opinião” do médico quanto ao que observava. No futuro, com o nosso dispositivo, será possível complementar a sua opinião com uma estimativa quantitativa e tomar uma melhor decisão. Assim, haverá vantagens para a equipa médica por facilitar o seu procedimento neurocirúrgico e também para o doente que terá uma terapia mais eficaz». Além disso, a solução, que actualmente se designa iHandU, poderá ainda ajudar as farmacêuticas a «monitorizar ou a avaliar o impacto de novos medicamentos aprovados na redução da rigidez do pulso».
A spin-off do Porto, que nasceu em 2019, tem avançado com a ajuda de «alguns dos alunos do laboratório» e em «parceria com os serviços de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital de S. João», diz o docente. A tecnologia inovadora (já tem uma patente) «suscitou a atenção da Frontier IP», que se tornou parceira e accionista da inSignals Neurotech, e valeu à empresa a nomeação de ‘One to Watch’ no Nature Spinoff Prize, promovido pela revista científica Nature.
Apoio fundamental para avançar
A startup recebeu um investimento de cem mil euros através da call INNOV-ID, uma iniciativa lançada pela Portugal Ventures; este financiamento será utilizado para «acelerar a validação e o desenvolvimento do dispositivo». O investigador João Paulo Cunha salienta a importância deste apoio e quais são os objectivos: «É fulcral para conseguirmos desenvolver o estudo clínico internacional, que envolve centros de estimulação cerebral profunda de Portugal, Alemanha, Holanda e Espanha, para demonstrarmos a validade clínica e a capacidade de adaptar os procedimentos às práticas clínicas de diferentes centros».
Por outro lado, vai permitir «investir em mais propriedade intelectual, reforçar a equipa de bioengenharia e preparar a empresa de forma a conseguir um investimento série A, para levar o dispositivo para o mercado» – mas há ainda um longo caminho a percorrer, como esclarece o coordenador do C-BER: «O estudo clínico internacional dura dois anos. Depois, teremos de levantar mais uma série de investimento para financiar a certificação médica do dispositivo, que pode levar mais um ou dois anos. Assim, estimamos que esse objectivo esteja a uns quatro ou cinco anos de distância».