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AtlasEdge abre data center em Portugal e tem planos para chegar a 30 MW de capacidade

A empresa inaugurou o LIS001 no seu campus de Carnaxide (Oeiras) e para o qual já assegurou um financiamento verde de 253 milhões de euros. À margem da conferência Atlantic Convergence, falámos com o CEO, Tesh Durvasula, que revelou que, num cenário «ideal», Lisboa poderá chegar a uma capacidade de 30MW dentro de «dois anos».

Tesh Durvasula © AtlasEdge

A AtlasEdge abriu oficialmente o campus de Lisboa, que disponibilizará 30 MW em três fases. O LIS001 foi inaugurado esta semana com uma capacidade de 5,1 MW e entrada em serviço prevista para o final de 2025. O LIS002, que está já em fase de planeamento, permitirá chegar aos 21,1 MW e a capacidade máxima será atingida com um terceiro data center, o LIS003. Este campus vai contribuir para o objectivo da tecnológica de assegurar 150 MW na Europa nos próximos anos. Tesh Durvasula, CEO da AtlasEdge, salientou que «Lisboa faz parte de uma estratégia pan-europeia e que «os clientes é que vão decidir a rapidez com que avançam, mas que num cenário «ideal», poderão atingir os 30 MW «em dois anos». Isto embora os planos actuais da empresa apontem para que o LIS002 tenha entrada em funcionamento em 2028.
Portugal é mesmo um mercado-chave para a AtlasEdge que tem um plano estratégico que representa um investimento de «mais de 500 milhões de euros no País nos próximos anos». O responsável não descarta inclusive novos data centers: «Somos uma empresa orientada para o cliente e nada me deixaria mais feliz do que ter um Lisboa 4 ou Lisboa 5. E acho que isso vai acontecer. Este pode ser um mercado em Portugal muito grande nos próximos cinco a dez anos e ficarei orgulhoso de dizer que fomos um dos que estivemos no início».

Oeiras em destaque
Tesh Durvasula explicou à businessIT os motivos da escolha da localização em Portugal: «Tem um conjunto rico de talentos que está em crescimento. Existem sete universidades num raio de 60 a 75 quilómetros de Oeiras e Lisboa. Portanto, temos o talento de que precisamos. Além disso, temos energia renovável, que é a despesa número um na indústria de centros de dados. Há mais de cem empresas de telecomunicações sediadas e ligadas a Lisboa e vários Internet Exchanges, o que permite ter aplicações com menos de 25 milissegundos de latência, algo importante quando se pensa, por exemplo em jogos e condução autónoma».
Por outro lado, o «município foi e é um grande apoiante do projecto. Ajudaram-nos em todas as partes do planeamento e licenciamento. Em Oeiras são pró-negócios e pró-tecnologia». Mas abrir o campus de Lisboa não foi só facilidades apesar do apoio da Câmara Municipal, como afirmou o responsável: «Diria que lidar com todas as questões da cadeia de abastecimento, desde mão-de-obra até certificações e equipamentos. Muitos dos equipamentos que compramos são de fabricantes internacionais por isso tivemos de importá-los e lidar com tudo isso. Este boom [dos data centers] está a acontecer em todo o lado, há muita procura por geradores, switches e UPS e isso foi desafiante. É uma missão de amor».

LIS001 © AtlasEdge

Energia é vital
A AtlasEdge assegurou um financiamento verde de 253 milhões de euros para apoiar o desenvolvimento dos dois primeiros data centers, sendo que este está dividido em duas tranches: 63 milhões de euros na primeira fase e 190 milhões de euros para financiar a construção do LIS002. Actualmente, o LIS001 funciona com «80% de energia renovável» e um «sistema de água fechado», que não gera desperdício já que «basta enchê-lo uma vez» e que depois só fazer «manutenção para lidar de alguma pequena evaporação», sublinhou Tesh Durvasula. No entanto, o objectivo é a utilização de energia 100% renovável já que a AtlasEdge quer ajudar os clientes nos «seus objectivos de sustentabilidade». É por isso que a empresa se preocupou em ter as melhores soluções e design disponíveis para conseguir um PUE (Power Usage Effectiveness, que mede a eficiência energética de um data center) de «1,28». Este valor «é de topo na sua classe», referiu o responsável.

Talento não deve ser uma barreira
Um dos desafios sentidos na indústria é a falta de profissionais, mas Tesh Durvasula revela-se optimistas quanto a esse facto: «Acho que o que vai acontecer naturalmente e que, à medida que houver mais procura, haverá mais pessoas para dar resposta a essa procura. Há 20 anos, muitos jovens estavam a entrar na área de engenharia de software, e agora, nos últimos cinco anos, estamos a ver o crescimento da infraestrutura física e muito mais engenheiros civis, mecânicos e eléctricos a surgir. Acho que é uma óptima oportunidade e que o talento irá fluir para onde for necessário. Para já trabalhamos com muitos expatriados que também é bom para a economia nacional. Os projectos centros de dados em curso em Portugal nos próximos anos vão chegar aos dois mil milhões de dólares e isso vai exigir muitas pessoas, por isso, estou ansioso por ver o talento a crescer».

 

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