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Emprego nas TI abranda em Portugal, contrariando tendência global

Após dois trimestres em recuperação, as intenções de contratação das tecnológicas portuguesas voltam a abrandar. A projecção para o terceiro trimestre de 2025 fixa-se nos +19%, longe dos +36% registados a nível global.

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Durante dois trimestres consecutivos, as intenções de contratação das empresas tecnológicas portuguesas tinham vindo a recuperar. Mas esse impulso sofreu um abrandamento. Para o terceiro trimestre de 2025, a projecção para a criação líquida de emprego situa-se agora nos +19%, revelando uma quebra de seis pontos percentuais face ao trimestre anterior, revela o relatório ‘Experis Tech Talent Outlook’. O valor fica ainda dezassete pontos abaixo da média global para o sector das tecnologias de informação, que se posiciona nos +36%.

Segundo o documento divulgado à imprensa, 42% das empresas tecnológicas em Portugal afirmam que pretendem aumentar as suas equipas entre Julho e Setembro, 23% antecipam reduções e 34% planeiam manter os níveis actuais de emprego. Estes resultados colocam novamente o País em contraciclo com o panorama internacional. «Os dados para os próximos três meses reflectem um mercado das TI mais moderado em Portugal, influenciado pelos efeitos do abrandamento económico e da incerteza global», refere em comunicado Nuno Ferro, Brand Leader da Experis.

Apesar da travagem, o responsável sublinha que a procura por talento especializado deverá manter-se: «As empresas vão continuar a necessitar de acompanhar a transformação tecnológica e a crescente adopção da IA para assegurarem a sua competitividade actual e futura, pelo que continuaremos a registar procura por perfis tecnológicos especializados, que garantam às empresas essa transição». Para Nuno Ferro, o grande desafio das organizações estará no «equilíbrio entre a aposta em talento e a optimização de recursos, num contexto em que os perfis mais especializados continuam a ser escassos e altamente competitivos a nível global». Ainda assim, e apesar do abrandamento trimestral, a comparação homóloga revela um crescimento de dois pontos percentuais face ao mesmo período de 2024, o que indica algum sinal de resiliência.

A nível mundial, as TI continuam a contratar
O estudo procurou também identificar os principais motivos para os empregadores planearem aumentar as suas equipas: o crescimento da empresa e a necessidade de novos postos de trabalho lideram as justificações, indicados por 30% dos inquiridos. Seguem-se os avanços tecnológicos, mencionados por 26%, e as alterações nas competências exigidas, que originam novas funções (22%).

Já entre aqueles que perspectivam reduzir o número de colaboradores, 40% apontam a necessidade de optimizar processos e consolidar funções. A reorganização interna e o downsizing surgem também como razões significativas (33%), tal como a evolução da procura, que pode reduzir a necessidade de determinados perfis (33%).

A nível mundial, o sector das TI continua a apresentar os níveis de contratação mais robustos; a projecção global para o terceiro trimestre é de +36%, mais um ponto do que no trimestre anterior e 7 pontos acima do mesmo período de 2024. Os países com os maiores índices de intenção de contratação são a Noruega (+60%), os Emirados Árabes Unidos (+55%) e a Bélgica (+52%). Em contrapartida, Eslováquia (-11%), Argentina (-6%) e Grécia (+5%) apresentam os valores mais baixos. Na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), a projecção situa-se nos +31%, o que representa uma subida de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior.

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