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Biotecnologia conta com inovação e IA para redesenhar o futuro da saúde

Startups, instituições académicas e clusters empresariais estão a acelerar a aplicação prática da biotecnologia em Portugal. A integração da inteligência artificial promete tornar o sector mais ágil, personalizado e global.

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Marta Passadouro destaca ainda o programa TEF (Testing and Experimentation Facility), uma iniciativa europeia liderada por Portugal que visa acelerar a certificação e a validação de soluções de IA e robótica em contextos reais. «Embora a IA e a robótica ofereçam soluções para desafios como o envelhecimento da população e a escassez de mão de obra no sector dos cuidados de saúde, enfrentam obstáculos como riscos e questões de confiança, necessitando de testes rigorosos e de apoio a infra-estruturas». Liderado pelo Instituto Pedro Nunes, o consórcio inclui entidades-chave da área da saúde e da inovação, como o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar de São João, no Porto, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, o Health Cluster Portugal e o EIT Health InnoStars, uma das oito áreas geográficas do EIT Health, parte do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT).

«O projecto visa acelerar o desenvolvimento e a adopção pelo mercado de soluções fiáveis de IA e robótica. Uma das principais componentes da iniciativa é a criação de uma rede de instalações de testes práticos, incluindo infra-estruturas físicas, recursos de dados, ferramentas computacionais, laboratórios vivos e ambientes de testes laboratoriais». Estes centros de experimentação em grande escala proporcionarão, explica Marta Passadouro, espaços físicos e virtuais onde as empresas em fase de arranque e as PME podem testar, validar e apresentar tecnologias baseadas em IA em ambientes de cuidados de saúde do mundo real, como hospitais e laboratórios de I&D.

Financiamento, talento e internacionalização
A consolidação do sector biotecnológico português exige mais do que inovação científica. Exige, claramente, uma teia de apoios que favoreça o financiamento, a capacitação de talento, a integração internacional e o alinhamento estratégico entre academia, indústria e regulação. Miguel Mondragão, Health Project Manager da P-BIO – Associação Portuguesa de Bioindústria, explica que esta associação tem desempenhado um papel que apelida de crucial no apoio às empresas portuguesas de biotecnologia, especialmente nas áreas de financiamento e internacionalização.

«A P-BIO participa e acompanha diversos projectos europeus, como o Iberobio, que visam promover o crescimento e a expansão internacional das empresas biotecnológicas ibéricas, facilitando o acesso a financiamento e a novos mercados». A entidade participa ainda no consórcio do projecto DxHub, com parceiros nas regiões de Creta (Grécia) e Oeiras (Portugal), «que visa desenvolver soluções inovadoras para a detecção de doenças infecciosas».

Miguel Mondragão sublinha o impacto destes projectos para o tecido empresarial nacional, nomeadamente no apoio fornecido a nível da inovação, acesso a financiamento e promoção para melhorar a sua competitividade e potencial de internacionalização. Algo que o director adjectiva de «fulcral para o tecido empresarial português, nomeadamente as pequenas e médias empresas».

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