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Sustentabilidade, IA e automação vão ser os “motores” da logística em 2025

O sector da logística sofreu uma grande transformação digital nos últimos anos e a tecnologia tem ganho uma relevância cada vez maior. CTT - Correios de Portugal, InPost e DHL Express acreditam que este ano será, não só marcado pela crescente introdução de inteligência artificial e automação, mas também pela adopção de medidas de sustentabilidade.

© CTT

O sector de logística tem passado por transformações significativas, «impulsionadas por avanços tecnológicos, mudanças nos padrões de consumo dos clientes e questões globais, como a sustentabilidade», avança fonte oficial dos CTT - Correios de Portugal. Assim, para esta empresa, e tendo em conta que o sector «está num processo de transformação contínua», as tendências para 2025 assentam em três pilares: «Eficiência, sustentabilidade e inovação tecnológica».

Já a InPost acredita que que este ano ficará marcado por uma dupla tendência: a adopção de «ambientes em cloud para centralizar as operações e facilitar uma actividade que exige eficiência, rapidez de resposta e versatilidade»; e o «advento dos gémeos digitais (digital twins)» para «fazer alterações, ajustes, testes e avaliações» e ver o impacto que teriam nas «operações, negócios e no desafio da última milha» desta empresa.

Por seu lado, Jorge Cristina, director IT da DHL Express, fala da «integração total entre sistemas físicos e digitais», da «personalização massiva de serviços» e da «resiliência e adaptabilidade como competências core». Comuns a todas estas organizações são os temas da crescente importância da inteligência artificial (e consequente automação) e da sustentabilidade: além de se assumirem como áreas-chave na logística este ano (e nos próximos), serão drivers do sucesso das organizações que operam neste sector.

IA a vários níveis
A grande tendência de incorporação de IA nas operações já começou e só vai aumentar. Como explica à businessIT fonte oficial dos CTT, a empresa «têm vindo a usar IA para antecipar tendências e adaptar os seus serviços às exigências crescentes do comércio electrónico e das entregas rápidas». A tecnologia é aplicada na «análise de grandes volumes de dados, na identificação de padrões de comportamento dos consumidores e na optimização de processos logísticos», como a «detecção de padrões e minimização de riscos de entregas erradas».

Os CTT indicam estarem «igualmente em curso acções para previsão de picos de encomendas», tendo em conta os «dados existentes ao longo da cadeia, para uma gestão mais adequada dos recursos logísticos, sorting e last mile». Aqui, a IA permite ter uma «optimização de rotas e planos de distribuição», ao analisar «grandes volumes de dados em tempo real», incluindo variáveis como «tráfego e condições meteorológicas, complementando os sistemas existentes de rotas dinâmicas». Além disto, também se aplica à «identificação de padrões de condução perigosa ou de menor sustentabilidade», à escolha de «rotas mais ecológicas» ou ao «planeamento da utilização de veículos eléctricos, à optimização da carga e ao alcance das baterias», realçam os CTT.

Jorge Cristina © DHL Express

A melhoria de eficiência nas rotas através de inteligência artificial é algo partilhado pela DHL Express e InPost. Jorge Cristina garante que o sucesso vai «depender da capacidade das organizações em aproveitar esta tecnologia de forma ética e eficiente, mantendo sempre o foco na criação de valor real para todos os stakeholders». O director de TI da DHL Express destaca, tal como os CTT, a importância da IA para a «descarbonização». Já no que diz respeito à IA generativa, Jorge Cristina diz que «não é apenas mais uma ferramenta tecnológica», mas sum um «catalisador de transformação que está a redefinir, fundamentalmente, como se pensa e opera na logística»; o responsável fala ainda de novas tendências que irão surgir «através da evolução da advanced analytics, da implementação da computer vision e do desenvolvimento de digital twins».

Marc Vicente, CEO da InPost Iberia, explica que a IA é um «aliado essencial na análise do ambiente em que as empresas desenvolvem as suas actividades de entrega», ajudando na «disponibilidade de recursos», o que é «fundamental para a eficiência» e para se «adaptarem a cada momento e circunstância». O responsável realça ainda que as possibilidades da IA generativa são «infinitas em qualquer domínio», pelo que a logística não foge à regra; o CEO dá alguns exemplos de casos em que esta tecnologia é aplicada: «Automatizar a concepção de redes logísticas, identificando localizações estratégicas para centros de distribuição» e «melhorar a experiência do cliente através de actualizações em tempo real, de soluções rápidas, identificando estrangulamentos e propondo inovações para optimizar os processos operacionais».

A importância da last mile
Segundo os analistas, o comércio electrónico continuará a ser uma das forças de crescimento da logística em 2025 – como consequência, a last-mile é cada vez mais relevante na logística, tendo sido identificada como uma das tendências a ter em conta. Para Jorge Cristina, há uma «verdadeira revolução na última milha, impulsionada pela transformação verde das cidades, o envelhecimento da população, e a evolução tecnológica». O responsável alerta que a last mile representa «cerca de 53% dos custos totais de envio», o que torna esta área «particularmente importante para inovação e optimização». É por isso que o responsável da DHL Express diz que o futuro deste elemento «será caracterizado por uma maior personalização e sustentabilidade», sendo que «deixará de ser apenas um serviço de entrega para se tornar numa experiência integrada». A DHL já está a «testar entregas autónomas em Tallinn, na Estónia» e, no Brasil, tem o robô ADA, que consegue «utilizar elevadores de forma autónoma para fazer entregas em edifícios».

Marc Vicente © InPost

No caso da InPost, e devido ao seu modelo de negócio, a empresa «redefiniu a última milha desde a sua criação, concentrando-se nas entregas não-domiciliárias, uma tendência-chave para o futuro da logística, que se está a tornar cada vez mais generalizada e que tem um grande potencial, graças à flexibilidade, conveniência e segurança que oferece», refere Marc Vicente. A empresa optimiza a last mile através de «tecnologia de encaminhamento inteligente» que ajuda a «melhorar a eficiência da distribuição, reduzindo a pegada de carbono».

Nos CTT, esta última etapa da entrega «reveste-se de especial importância». Assim, há uma «tendência para o encurtamento dos prazos de entrega» e o «surgimento de serviços de entrega super-express (por exemplo, em duas horas), bem como a colocação de inventário em localizações mais próximas do consumidor para viabilizar estas entregas», indica fonte oficial da empresa. Por outro lado, existe uma maior exigência quanto à fiabilidade da previsão da entrega, situação que tem dado origem a «inovações ao nível do contacto antecipado à entrega e nos sistemas usados para o planeamento dos circuitos de distribuição que optimizam os trajectos, enquanto procuram cumprir as franjas horárias de entrega que tendem a ser mais pequenas». Por último, a conveniência na recepção tem p«romovido a adopção generalizada de One-Time-Password (OTP) em substituição da assinatura manuscrita, simplificando o acto de entrega». No entanto, há ainda a disponibilização de locais alternativos à entrega domiciliária: é o caso dos cacifos Locky (CTT) e dos Lockers (InPost), que permitem uma «maior conveniência de horário aos consumidores», sendo «cada vez mais importantes nesta última milha». Este recurso também ajuda CTT e InPost a terem uma menor pegada de carbono e a serem mais sustentáveis.

Sustentabilidade é essencial
A sustentabilidade é uma tendência incontornável para qualquer empresa, em 2025, e ainda mais na logística. «É um dos pilares fundamentais da identidade da InPost», diz o CEO da empresa para Portugal e Espanha, já que a entrega não-domiciliária «reduz significativamente a pegada de carbon e o «número de viagens e veículos necessários para efectuar as entregas». Além disso, estas soluções «minimizam o impacto ambiental ao reduzir a dependência do transporte porta-a-porta», clarifica o responsável.

Fonte oficial dos CTT sublinha que a descarbonização está e «continuará no topo das prioridades para os próximos anos». Para tal, a empresa vai continuar a «apostar na transição energética das frotas própria e subcontratadas, através da electrificação da distribuição na última milha; do uso de tecnologias “limpas” nos segmentos de frota que não foram possíveis de electrificar; e da redução da dependência de combustíveis fósseis». OS CTT vão, ainda, manter-se «empenhados em divulgar informação não-financeira relevante», como relatórios ESG – o objectivo passará por «renovar o compromisso com a sustentabilidade ambiental, social e de governação», promovendo um futuro «menos poluente e mais inclusivo e responsável para todos».

Por seu turno, o grupo DHL assumiu o compromisso de «descarbonizar o negócio até 2050» e quer tirar partido da «experiência já comprovada para apoiar os clientes na descarbonização das cadeias de abastecimento», afirma Jorge Cristina. Além disso, a DHL tem a «maior frota de veículos eléctricos no sector da logística (mais de 36 mil) e orgulha-se de ter alcançado a maior quota de combustível de aviação sustentável, entre todas as companhias aéreas, a nível mundial, em 2023». O responsável antecipa que a «procura futura do mercado, irá materializar-se numa vantagem competitiva» para a empresa.

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