O Global Technology Report 2024 mostra que sector de hardware e software relacionado com a IA pode atingir entre 718 e 910 mil milhões de euros, até 2027, com uma taxa de crescimento entre 40% e 55%, anualmente. Segundo o relatório da Bain & Company, este aumento vai dever-se à continuidade da explosão da criação e utilização dos dados e ao crescente uso de IA generativa.
O estudo revela que, até à data, os maiores fornecedores de serviços na nuvem têm liderado o mercado em termos de despesas de I&D, talento, inovação e que esta tendência deve continuar. Além disso, também os fornecedores de software como serviço, grandes empresas e fornecedores de software independentes vão ser responsáveis pela onda de crescimento do investimento em IA. Além disso, o número de grandes empresas que investem mais de 90 milhões de euros na implementação da IA mais que duplicou, no último ano.
Cinco áreas principais
A Bain & Company estima ainda que as tarefas laborais impulsionadas pela IA vão crescer entre 25% a 35%, anualmente, até 2027 e assegura que as organizações pioneiras na implementação da tecnologia já começam a sentir melhorias de desempenho que «podem ascender a 20% dos lucros em apenas 18 a 36 meses». O relatório indica que a maior parte do valor gerado nas empresas devido à IA pode encontrar-se em cinco áreas-chave: «Desenvolvimento de software, apoio ao cliente, vendas e marketing, desenvolvimento ou melhoria de produtos e operações internas».
Em Portugal, João Valadares, sócio da Bain & Company, explica que os «níveis de adopção da inteligência artificial começam a ser significativos» e que os «primeiros dados sugerem que as medidas de IA generativa podem valer até 20% do EBITDA das empresas». Já as áreas onde «já se começam a ver resultados incluem o coding (observando-se uma poupança de até 50% no tempo do seu desenvolvimento), a gestão de conhecimento interno e as áreas de serviço ao cliente», acrescenta.
Crescimento, mas com desafios
Esta aposta no IA vai exigir uma maior capacidade de processamento e um aumento dos data centers. De acordo com o relatório, os grandes centros de dados que, actualmente, operam entre 50 a 200 MW, vão expandir a sua capacidade até 1 GW; os mais pequenos também deverão aumentar. Isto terá impactos, ao nível da infraestrutura e da energia, pressionando a rede eléctrica e afectando a sustentabilidade ambiental.
O aumento da procura de unidades de processamento gráfico (GPU) vai também duplicar e o relatório prevê um aumento de 30% na procura de componentes, até 2026, o que poderá levar a tensões nas cadeias de abastecimento e a uma nova escassez de chips que irá afectar outros sectores e indústrias.