Na oitava edição do evento anual da consultora de origem nacional sob o mote ‘liderar o futuro com dados’, Luís Gonçalves (data & AI director da Noesis) explicou que esta tecnologia existe há mais de cinquenta anos, mas que, «só explodiu em 2017» quando a capacidade computacional «aumentou e as barreiras de entrada diminuíram». Apesar deste boom, a IA atingiu um «plateau» nos anos seguintes, porque muitas empresas «não conseguiram justificar os business cases» – a situação foi, agora, ultrapassada pela IA generativa.
Se no ano passado, «33% das organizações já estavam a trabalhar ou a fazer experiências neste campo», este ano o número «mais que duplicou, com cerca de 70% das empresas a indicarem que têm pelo menos uma unidade de negócio a trabalhar ou a fazer qualquer coisa no campo da IA», acrescentou Luís Gonçalves, justificando o renovado interesse pela tecnologia. O responsável disse que deverá existir um «crescimento exponencial» do uso da IA até 2030 e que esta será a «nova corrida ao ouro». Luís Gonçalves lembrou ainda as áreas em que a IA generativa está a ser mais usada: «38% na área da experiência do cliente e retenção; 26% para aumentar receitas; 17% para optimização de custos e 7% para continuidade de negócio». O data & AI director da Noesis avançou que, de acordo com um estudo, em média, «63% das empresas vão aumentar os orçamentos dedicados à inteligência artificial nos próximos doze meses». Assim, a empresa acredita que «o hype é real» já que as empresas aumentaram a utilização de IA e vão alocar mais recursos financeiros à tecnologia.
Acelerar, mas com calma
Luís Gonçalves disse que a tecnológica acredita que as empresas «têm que ter uma visão clara para a IA» para «garantir que o que estão a desenvolver nessa área vai ser adoptado pelos utilizadores ou clientes e que vai transformar o negócio». Para isso, o data & AI director da Noesis falou de três pilares: «Definir em que sítio é que a IA encaixa na estratégia de negócio»; saber se vai ser usada «para reduzir custos, aumentar a produtividade, dar um edge competitivo contra a concorrência», sendo «importante fazer as contas para não se ter um business case que não retorne um valor suficiente para a organização»; e, por último, os riscos, nomeadamente em função do EU AI Act.
Assim, além de «alinhar a visão da IA com o negócio e de identificar o desafio que se quer resolver com a tecnologia», é preciso ter um roadmap» claro e «preocupações de ética e governance da informação». Luís Gonçalves destacou ainda que é «necessário garantir que toda a gente na organização está de acordo com a visão» e «fazer as coisas com calma» para garantir que tudo foi «testado». O responsável salientou ainda a importância do «data governance», já que a «IA é tão boa quanto a informação que lhe for dada». No final, Luís Gonçalves deixou uma mensagem de confiança: «Com a IA, os parceiros e os clientes é possível termos melhores empresas, melhores produtos e conseguir efectivamente criar aqui uma diferença no mercado. Este é um mundo de oportunidades». Mas alertou que, apesar de IA «parecer magia», não vai resolver todos os problemas e não é a solução para tudo».