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Experis: IA vai permitir colaboradores mais autónomo e líderes com novas competências

Um relatório da empresa do ManpowerGroup mostra qual vai ser o impacto da inteligência artificial na gestão do talento e de que forma esta tecnologia vai transformar a forma como os colaboradores e as suas competências são avaliadas.

Nuno Ferro © Experis

De acordo com o ManpowerGroup Employment Outlook Survey do terceiro trimestre de 2024, 52% das grandes empresas globais (com mais de cinco mil trabalhadores) já usam IA. Assim, é de esperar que, à medida que novas ferramentas são integradas nas empresas e nos processos de trabalho, existam algumas tendências que estão a emergir no que diz respeito à gestão e ao desenvolvimento do talento nas organizações.

O ‘Global Insights Whitepaper’ da Experis revela o que podemos esperar num futuro próximo e que impactos serão os mais relevantes. Com a IA mais integrada na tomada de decisão, os colaboradores vão ter uma «maior autonomia nas suas funções», tornando a tomada de decisão «mais distribuída e acessível a todos os níveis da empresa». Isto irá originar a que os líderes tenham de ter um novo conjunto de competências para gerir os profissionais.

Nuno Ferro, brand leader da Experis, destaca a «empatia, a capacidade de comunicação e a colaboração» como fundamentais para que os gestores sejam «capazes de gerir dinâmicas interpessoais complexas e inspirar as equipas, unindo-as em torno de uma visão comum». Outras das skills serão a «inteligência emocional» para «compreender nuances do comportamento humano que a IA ainda não consegue identificar», além da «curiosidade e do pensamento crítico». Por último, o responsável acredita que a «capacidade de desenvolver o talento, atraindo e investindo em profissionais de elevado potencial e acelerando o seu desempenho, será, também, fulcral para as lideranças».

Desempenho e competências
As empresas já estão a recorrer a tecnologias de IA para monitorizar a produtividade dos trabalhadores e, até 2030, a Experis acredita que isto irá «aumentar», com desenvolvimentos ao nível da «monitorização da produtividade, que permitirão avaliações mais objectivas do desempenho dos colaboradores». Nuno Ferro explica de que forma isto pode acontecer: «A capacidade da IA para consolidar informações de desempenho de vários canais, como e-mails, plataformas internas, ou mesmo dispositivos IoT e wearables, e a sua eficácia na síntese destes dados, permite aos líderes poupar tempo e simplificar as tarefas administrativas associadas à avaliação de desempenho». No entanto, o brand leader da Experis alerta que isto «não substitui o papel dos mesmos no desenvolvimento profissional e pessoal das equipas» e que os «managers devem continuar a controlar todo o processo e decisões», sendo que esta ferramenta servirá «apenas como copiloto». Esta tendência tem, contudo, alguns riscos, nomeadamente ao nível da «privacidade e da segurança dos dados».

O responsável evoca a questão da «exactidão e da qualidade de dados» para «garantir que não existem enviesamentos ou discriminações no processo de avaliação de desempenho». Já ao nível da privacidade, são necessárias «directrizes e políticas claras para garantir uma utilização segura e ética da IA» e uma protecção dos «dados sensíveis dos colaboradores e da empresa». Nuno Ferro fala ainda da importância de os líderes «comunicarem de forma aberta e transparente os objectivos, metodologias e benefícios da utilização» das ferramentas, para evitar a «resistência» dos colaboradores.

Outra das áreas em que a inteligência artificial terá um papel fundamental é no desenvolvimento personalizado de competências, ao «identificar com precisão as lacunas existentes e definir estratégias personalizadas ao nível da formação e capacitação do talento». Isto permitirá que as empresas sejam mais ágeis na adaptação às necessidades do mercado, optimizando o desenvolvimento dos profissionais.

A formação em IA «será o grande acelerador dos potenciais benefícios» que a tecnologia oferece aos trabalhadores e às empresas, mas «é também um dos principais desafios associados à sua implementação», esclarece o responsável. Assim, é preciso que os empregadores «invistam num ecossistema que apoie os trabalhadores na constante evolução das suas competências». A IA vai ainda possibilitar que os líderes «identifiquem e formem equipas especializadas mais adaptadas a projectos de curto prazo» e que os assistentes avançados actuem como «consultores e companheiros de trabalho, apoiando os colaboradores na tomada de decisões e na execução de tarefas correntes, promovendo uma maior eficiência e inovação».