A nova localização da 42 Lisboa, na Factory Lisbon, vai aumentar a capacidade de formação da escola para «oitocentos alunos» e, assim, ajudar a mitigar a falta de talento tecnológico no País. Com uma área de 1200 metros quadrados, que vai também albergar a iniciativa dedicada às tecnologias criativas Tumo Lisboa, esta escola tem um amplo espaço de cafetaria, duas salas para os alunos e vai beneficiar de todo o ecossistema de inovação e de empreendedorismo existente naquela zona do Beato, salienta Pedro Santa Clara, presidente executivo da 42 Portugal: «Este novo campus representa o próximo capítulo da nossa missão de oferecer educação inovadora e acessível, rodeado por empresas tecnológicas, startups, iniciativas criativas e eventos culturais. Acreditamos que este é o ambiente ideal para os nossos alunos concretizarem as suas ideias e transformarem o futuro».
A escola, que abriu em 2021 na Penha de França (Lisboa) e ,no ano, seguinte no Porto, já recebeu mais de 55 mil candidaturas em Portugal desde que foi criada. Na inauguração, o responsável indicou que este é um «grande marco» para a 42: «Há sessenta mil candidatos ao ensino superior em Portugal, por ano, em Portugal. Isto quer dizer quer dizer que, nestes três anos, tivemos mais ou menos um terço dos candidatos de todas as universidades nacionais». Pedro Santa Clara destacou ainda que a 42 Portugal, com o aumento de capacidade em Lisboa, vai conseguir «diplomar trezentos alunos por ano», ou seja, «aproximadamente o mesmo que o Instituto Superior Técnico e a FEUP» em conjunto. É por isso que a ambição é clara: «Queremos ser a maior escola de desenvolvimento de software do País e, um dia, sermos conhecidos como a melhor».
Impacto económico elevado
A instituição de ensino caracteriza-se por ser gratuita, não exigir background académico ou experiência em programação e ter um método «inovador» que promove a aprendizagem sem salas de aula, sem horários e sem professores, ou seja, o ensino é feito com base em projectos e entre pares. O facto de não existirem propinas deve-se aos mecenas privados; o presidente executivo chamou a atenção para o facto de «não terem todo o sucesso em obter financiamento público» para um projecto que «desenvolve quadros ao mais elevado nível na área do desenvolvimento», que tem «100% de empregabilidade dos alunos nas melhores empresas do País» e que está a contribuir de «forma significativa» para colmatar a falta de talento.
Para exemplificar como é uma aposta segura, Pedro Santa Clara citou um estudo pro-bono que a BCG fez recentemente sobre o impacto da escola: «O valor acrescentado em contribuição directa para o PIB dos alunos, via aumento de salário, num prazo de dez anos, é de 460 milhões de euros. Isto corresponde a um investimento de vinte milhões nesse mesmo período». O responsável acrescentou que isto «é um orgulho» e que «este investimento social tem uma rentabilidade de 23 vezes», algo bastante difícil de encontrar em outras áreas.
As candidaturas para a 42 estão abertas 365 dias por ano e qualquer pessoa maior de dezoito anos pode inscrever-se. Os seleccionados no teste online fazem a “piscina”, um bootcamp de 26 dias num dos campus, em que «aprendem as bases de programação e descobrem se esta é a escola ideal para eles». Em seguida, os alunos que completarem este curso intensivo são aceites no programa da 42. O presidente executivo esclareceu ainda que a escola de programação teve já «mais de quatro mil candidatos nas piscinas» e que «mais ou menos mil alunos já acabaram» o curso.