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Investimento em inovação: parar não é opção

Num contexto de desaceleração económica, o investimento contínuo em inovação emerge como uma estratégia crucial para a sobrevivência e obtenção de vantagem competitiva. Portugal, apesar dos seus exemplos de sucesso, continua a ser considerado um ‘inovador moderado’. A solução parece estar no investimento contínuo nesta área, com base nos apoios financeiros disponíveis. 

Jannoon028/Freepik

Esta actuação é materializada na gestão de um conjunto de instrumentos de I&D e incentivos à inovação, nomeadamente de fundos estruturais. Para dar uma visão da dimensão deste organismo, a administradora forneceu os números de vários programas, nomeadamente o dos relativos ao período 2014-2020 centrados na iniciativa Portugal 2020, um acordo de parceria entre Portugal e a Comissão Europeia. Neste período, foram aprovados 1517 projectos, com um investimento de 1976,4 milhões de euros, sendo que 1144,4 milhões são referentes a incentivo público. O SIFIDE e o mais recente Horizonte Europa são outros dos programas “disponibilizados” pela ANI. «Somos o ponto de contacto nacional e delegados europeus neste programa», sublinha Sílvia Garcia. Os primeiros anos do Horizonte Europa registam já 804 milhões de euros de financiamento para entidades nacionais. Ao todo, até agora, são 1326 os projectos com participação portuguesa e 306 coordenados por Portugal: «A taxa de sucesso nas propostas submetidas por Portugal está nos 19,9%».

Investimento em inovação tem de ser contínuo
Tomemos em conta o actual cenário de desaceleração económica. Parar ou congelar o investimento em inovação é uma boa estratégia? Dirigentes de diversos sectores garantem que não e apontam a necessidade vital de manter o investimento em inovação, como um meio de sobrevivência e de estratégia para obter vantagem competitiva a longo prazo, enfatizando a inovação incremental e a cooperação como factores essenciais para o êxito.

Na conferência de lançamento da segunda edição do Prémio Nacional de Inovação (PNI), que se realizou no Porto, Francisco Barbeira, administrador do BPI, mostrou uma certeza: «Não há alternativa a inovar». Neste debate, com o tema ‘Inovação em Tempos de Desaceleração Económica – Parar Não é Opção’, o executivo foi ainda mais longe, salientando que apostar na inovação é «ainda mais importante em alturas em que é preciso reduzir custos».

Esclarecendo a ideia de que inovar vai muito mais além de «lançar um novo produto altamente disruptivo», Francisco Barbeira focou-se na ideia de que os processos de inovação podem estar centrados na melhoria de procedimentos, no aumento da satisfação dos clientes ou em trabalhar incrementalmente num modelo de negócio que já esteja em vigor: «Tudo isto é inovar. Quando falamos em inovação, não nos focamos apenas nos grandes saltos quânticos ou em disrupções de negócio».

No mesmo debate, Ana Casaca, global head of innovation na Galp, disse que o orçamento para esta área «nunca é considerado suficiente, independentemente do período económico que o País esteja a atravessar». Por isso, destacou a importância de definir muito bem o propósito da área de inovação num determinado momento, sector e empresa, assim como esclarecer o processo de escolha dos grandes investimentos. A executiva “lançou” ainda a ideia de que esta é uma excelente altura para que todas as empresas trabalhem com parceiros externos: «Não vamos ter capacidade, nem de recursos humanos nem financeira para fazermos os projectos sozinhos, por isso esta é uma oportunidade para continuarmos a fazer este caminho, mas de forma colaborativa».