O desempenho financeiro da V-Valley, responsável pelo negócio de Advanced Solutions do grupo Esprinet, foi o mote para a abertura do V-Valley World, que decorreu em ambiente virtual. No seu discurso inicial, Alessandro Cattani, CEO da Esprinet Europe, destacou o grande crescimento das receitas da empresa nos últimos quatro anos: de 556 milhões de euros, em 2018, para 1050 mil milhões, em 2022. O executivo sublinhou que esta subida se deveu, não apenas ao comportamento do negócio nos segmentos de legacy hardware, servidores, armazenamento e rede, mas também ao seu desempenho no mercado de soluções baseadas em nuvem e soluções de segurança e software.
No evento, foi claramente destacado o facto de, ao longo destes anos, a V-Valley ter crescido no mercado do Sul da Europa, nomeadamente em mercados como Itália, Espanha e Portugal, onde se tornou um player-chave no canal, prestando serviços a mais de vinte mil revendedores que trabalham com integradores de sistemas, prestadores de serviços e outros parceiros de canal. Foi ainda enaltecida a prestação da empresa no mercado voltado para as PME onde, de resto, Alessandro Cattani admite haver «um grande potencial de crescimento para os próximos anos».
Itália, Espanha e Portugal com boa performance
Larry Walsh, CEO e chief analyst da Channelnomics, traçou as principais tendências para o mercado do Sul da Europa nos próximos anos. O executivo destacou que, embora o gasto global possa crescer entre 5% e 5,5%, essa tendência não se reflectirá necessariamente nos números do canal de TI, caracterizando o crescimento do mercado nesta região como «significativamente moderado» em 2023, após o boom registado como resultado da pandemia e do rápido impulso para a digitalização.
Na sua análise, Larry Walsh destacou que os gastos voltarão a crescer entre 3% e 6% ao ano, nos próximos cinco anos, oferecendo «grandes oportunidades de negócio» para os players do canal. O CEO destacou as perspectivas do mercado de Marrocos, que estarão mais próximas das do mercado global, e para o Sul da Europa, enfatizou o bom desempenho de Itália, Espanha e Portugal, onde se prevê um crescimento das despesas entre 1,3% e 3% ao ano, nos próximos cinco anos. Por um lado, o CEO da Channelnomics sublinhou ainda o facto de as principais chaves desse crescimento estarem em várias tendências que se intensificaram nos últimos quatro anos, mais ainda desde a pandemia; por outro, lembrou a escassez de talentos tecnológicos em novas áreas, que está a levar a que muitas empresas invistam em tecnologias para automatizar as suas operações. Além disso, a necessidade de redução de custos tornou-se outro importante driver do mercado de TI e muitas das vendas serão focadas justamente em soluções para aumentar a eficiência, diz Walsh.
Europa do Sul acolhe metade dos fundos
Na sequência da pandemia, a União Europeia lançou planos de estímulo centrados na transformação digital para fortalecer o tecido económico e modernizar as administrações públicas. Na sua intervenção, Walsh explicou que 50% destes fundos irão para Itália, Espanha e Portugal, sendo distribuídos por diferentes indústrias e sectores económicos e, em grande parte, destinados à implementação de novas tecnologias. Isto, no seu entender, terá um impacto positivo no canal de TI, cujos parceiros fornecem as soluções necessárias tanto para grandes empresas como para administrações públicas e PME.
Neste sentido, Javier Bilbao-Goyoaga, presidente de V-Valley para Espanha e Portugal, explicou que 55% das receitas da empresa vêm de «grandes integradores e revendedores corporativos de TI, que prestam serviços a grandes empresas e administrações públicas». Os restantes 45% têm origem em negócios com PME, «um segmento muito importante e com grandes perspectivas de futuro».
A importância dos mercados locais
Segundo os participantes neste evento, o canal de TI encontra-se numa posição privilegiada para aproveitar as grandes oportunidades que irão surgir no mercado tecnológico do Sul da Europa, nos próximos cinco anos. O impulso de digitalização de governos e empresas (grandes, médias e pequenas) irá concentrar-se na implementação de tecnologias avançadas para optimizar e automatizar operações, aproveitar o potencial da nuvem, reduzir custos e enfrentar novos desafios digitais.
Todos falaram, ainda, numa geração de ecossistemas de fornecedores, parceiros e clientes, como o criado nos últimos anos pela V-Valley, que consideram «fundamental» para facilitar o acesso a essas tecnologias. Além disso, salientaram a importância dos mercados locais, atendendo às necessidades dos clientes com proximidade, eficiência e flexibilidade financeira. Nesse sentido, a V-Valley destaca a sua posição como ‘pessoa jurídica isolada’, o que facilita o financiamento e o seu foco local, algo que a empresa diz ser fundamental para trabalhar em estreita colaboração com os clientes nas necessidades de cada projecto.
A fechar o evento, a empresa anunciou a renovação e reabertura do Campus Académico V-Valley, em Madrid. Será uma combinação de centro de treino, com mais de cem participantes, e centro de demonstração, onde poderão ser testadas as mais actuais tecnologias dos fornecedores e que também vai incluir um centro oficial de certificação Person View.