A SAP Build, uma nova plataforma de low-code apresentada no TechEd, que se realizou em Las Vegas, foi projectada para permitir que os utilizadores corporativos criem aplicações. Ou seja, quem não seja programador pode, assim, ter uma maior autonomia dentro da sua organização. Basicamente, é descomplicar o que, normalmente, é complicado. «Temos de potenciar a experiência daqueles que conhecem melhor o negócio – os próprios utilizadores corporativos», disse Juergen Mueller, CTO da SAP, no discurso de abertura da TechEd.
A SAP Build foi projectada para ajudar as empresas a preencher as lacunas deixadas pela escassez de quem desenvolve aplicações, disse Juergen Mueller, salientando que, há um ano, a IDC previu um déficit global de quatro milhões destes profissionais até 2025. «Uma plataforma de low-code como o SAP Build colocará, pelo menos, algum desenvolvimento nas mãos dos utilizadores empresariais», disse o responsável.
No entanto, o mesmo executivo especificou que o desenvolvimento de aplicações não será transferido para os utilizadores corporativos, sendo necessário que as empresas mantenham as suas equipas de negócio e de TI, de programadores profissionais, para trabalharem juntas. Desta forma, será possível «encapsular código, escrito no SAP Business Application Studio, que pode ser usado por utilizadores de negócio para desenvolver no SAP Build», esclareceu Mueller. «As TI podem impor recursos consistentes de governança e gestão do ciclo de vida, para que as equipas de TI possam ter a certeza de que todas as aplicações criadas pela empresa respondem aos requisitos necessários de segurança e governança». Ou seja, o melhor dos dois mundos: negócio e TI.
Na conferência, o CTO reforçou ainda o quanto a SAP «adora» os processos de negócio – sendo que ‘love’, em inglês, parece ser ainda mais forte. «Oferecemos os melhores processos de negócio end-to-end do mundo para empresas, que são específicos de cada sector porque, é claro, os processos bancários são diferentes dos da tecnologia ou da saúde, ou do retalho, do sector público ou dos serviços profissionais».
O exemplo da National Hockey League
No evento que contou com um restrito grupo de jornalistas especializados em TI, a empresa germânica apresentou o seu cliente National Hockey League, que demonstrou como o SAP Build Apps ajudou a melhorar o NHL Green, uma aplicação de sustentabilidade usada pelos 32 clubes membros da liga de hóquei no gelo dos EUA e Canadá para medir e relatar a pegada ambiental nos seus espaços desportivos. «Gerir a pegada nas nossas arenas é um dos aspectos mais críticos da nossa plataforma de sustentabilidade», relatou Omar Mitchell, vice-presidente de infra-estrutura sustentável e iniciativas de crescimento da NHL, durante a palestra do TechEd. «Estamos a trabalhar com a SAP para rastrear, medir e ajudar a gerar ‘insights’ mais profundos sobre as operações dos nossos espaços, para que as equipas possam partilhar as melhores práticas e a liga possa continuar a melhorar».
Para isso, a NHL e a SAP criaram uma aplicação denominada NHL Venue Metrics no SAP BTP, que usa SAP HANA Cloud e SAP Analytics Cloud para recolher e processar dados para, assim, ter informações sobre as operações dos clubes e das suas arenas. No entanto, Omar Mitchell lembrou que o formulário usado para a recolha de dados dos clubes tinha campos que exigiam que os utilizadores inserissem dados manualmente, principalmente de contas de serviços públicos. Posteriormente, a liga utilizou a SAP Build Apps, que passou a permitir aos utilizadores tirar uma foto das contas, inserir os dados automaticamente e, em seguida, encaminhá-los para os escritórios da liga para aprovação, explicou Mitchell.
Depois de os dados serem encaminhados e aprovados, são «inseridos automaticamente na aplicação NHL Venue Metrics», especificou Omar Mitchell, o que «reduz muito o trabalho manual feito pelas equipas, economizando tempo e esforço».
Fazer mais, com menos
Embora os conceitos de desenvolvimento rápido de aplicações e ferramentas de low-code não sejam novos, o SAP Build pode encontrar um público receptivo, porque a necessidade de expandir o desenvolvimento de aplicações é real, disse Jon Reed, cofundador da Diginomica, uma empresa de análise de computação corporativa: «Há uma sensação de que as empresas podem fazer mais com menos e o low-code encaixa-se nesse conceito porque os programadores têm custos elevados e muitas empresas não podem pagar para manter essas equipas».
Esta plataforma, agora apresentada em Las Vegas, consiste em três componentes: SAP Build Apps, para a criação de aplicações; SAP Build Process Automation, para criar e automatizar tarefas, processos e fluxos de trabalho; e a SAP Build Work Zone, para a construção de sites de negócios como espaços de trabalho digitais. A solução já está disponível, com preços a serem determinados por utilizador.
No evento onde a businessIT esteve presente, Juergen Mueller realçou, em jeito de conclusão: «Num cenário empresarial volátil, o SAP Build e o conjunto completo de inovações que estamos a lançar – desde a nossa nova parceria com a Coursera às melhorias em todo o nosso portefólio de soluções de negócio – ajudam os clientes a preparar os seus negócios para o futuro e a extraírem o máximo valor dos seus investimentos tecnológicos». A empresa alemã divulgou ainda o novo programa SAP Builders que «ajuda os utilizadores, não só a evoluir rapidamente, como também a conectarem-se com os seus pares, através de sessões práticas e de fóruns de partilha».
A parceria com a fornecedora da plataforma de aprendizagem Coursera, a que Juergen Mueller se referia, materializa o compromisso da marca em requalificar dois milhões de programadores, em todo o mundo, até 2025, triplicando a sua oferta de aprendizagem gratuita no site SAP Learning: «À medida que cada empresa se torna numa marca tecnológica, a SAP também reconhece a crescente valorização colocada nas competências e conhecimentos que só os programadores profissionais podem fornecer». A SAP está, assim, a lançar uma certificação profissional no Coursera, concebida para principiantes sem qualquer diploma universitário ou experiência na indústria. O objectivo é «preparar os alunos para funções de nível básico e em várias das áreas mais procuradas». Jeff Maggioncalda, CEO da Coursera Inc, disse ser uma «honra estabelecer uma parceria com a SAP», cujo objectivo é «aumentar o acesso às competências relacionadas com o emprego e de expansão das oportunidades económicas para todos».