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Biomemory: o poder do armazenamento através do DNA

A Biomemory criou uma solução digital capaz de armazenar dados com um milhão de vezes mais densidade que qualquer SSD ou banda magnética. Este sistema de arquivo promete, ainda, ocupar vinte mil vezes menos espaço nos data center e durar milhares de anos.

A startup francesa Biomemory Labs, que fornece armazenamento de dados através de unidades de DNA, teve uma ideia que até parece simples: combinar uma infra-estrutura durável e ilimitada com um impacto ambiental mínimo. O resultado é um produto que, supostamente, armazena dados com um milhão de vezes mais densidade que as unidades SSD ou bandas magnéticas.

Com o hardware de armazenamento tradicional que hoje dispomos – como as unidades de disco rígido, as bandas magnéticas e a memória óptica – a não excederem, em média, uma vida útil de sete anos, as unidades criadas e patenteadas pela Biomemory fornecem uma alternativa para o futuro do armazenamento. O produto é muito menos volumoso que os sistemas convencionais, o que, combinado com a sua longevidade e eficiência energética – as unidades podem permanecer estáveis ​​à temperatura ambiente, ao contrário dos data centers, que precisam de ser mantidos refrigerados – resulta numa pegada ambiental bastante reduzida.

O DNA como solução de armazenamento viável
Num encontro com jornalistas realizado em Paris, durante a edição europeia do IT Press Tour, os fundadores da Biomemory, Erfane Arwani (CEO) e Pierre Crozet (CTO), explicaram que as áreas de actuação actualmente exploradas incluem a saúde e a pesquisa científica, mercados industriais como IoT ou a análise de dados financeiros. O principal objectivo da startup é tornar o armazenamento de dados de DNA numa opção viável para as empresas – se implementado de forma correcta, pode permanecer estável por milhares de anos. «Os cientistas conseguiram encontrar DNA num mamute com 1,2 milhões de anos. Já num data center, é preciso replicar os arquivos em novos suportes, em média, a cada sete anos, antes que eles se deteriorem devido à humidade ou à temperatura».

Assim, ao arquivar os dados no DNA, elimina-se «o custo colossal» em energia para fazer uma nova cópia, regularmente – isto, além da economia de espaço que pode resultar desta opção. «Hoje, os data centers representam mais de um milionésimo do espaço vital na Terra. Se a produção de arquivo em banda ou disco continuar a crescer na mesma proporção todos os anos, os data centers representarão um milésimo do espaço vital em 2040».

Segundo Erfane Arwani, ao armazenar os arquivos no DNA será «possível mover fisicamente todos os dados criados pela humanidade desde o início dos tempos, para a Lua ou para Marte, numa única viagem a bordo de uma pequena nave espacial». Para exemplificar isto, o CEO mostrou uma cápsula de aço inoxidável minúscula que guarda cem biliões de exemplares da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e da Declaração dos Direitos da Mulher e do Cidadão (1791), redigidos em 0,2 mililitros de papel liofilizado em pó. Esta prova de conceito foi feita em 2021, com parceiros institucionais e industriais, e acabou por ficar oficialmente registada no Arquivo Nacional Francês em Novembro de 2021. O passado e, agora, o futuro, parece estar no DNA.