Empreendedorismo

Modatta cria app que ajuda a monetizar os dados

A startup nacional desenvolveu uma aplicação que permite aos utilizadores protegerem os seus dados, saberem como são usados e ainda ganhem dinheiro com os mesmos. A solução da Modatta também ajuda as empresas a implementarem campanhas e ofertas segmentadas.

A Modatta possibilita que qualquer pessoa transfira os dados pessoais para o telemóvel, utilizando-o como uma fonte de armazenamento e garantindo o total controlo sobre a sua privacidade. A app «dá voz aos clientes, permite-lhes ter influência nas decisões das empresas e ainda participar em campanhas das suas marcas preferidas» ganhando dinheiro com isso – em média, entre duzentos a dois mil euros por ano, «valor que poderá ser mais alto com a adopção em massa da solução por parte das empresas», revela a tecnológica.

Rodrigo Moretti, co-fundador da startup, explica os objectivos da empresa: «A nossa missão passa por oferecer a possibilidade a qualquer pessoa de proteger os seus dados e saber que informações suas existem nas várias fontes, bem como decidir a forma como os dados são utilizados e processados pelas mesmas. Além disso, pretendemos promover relações positivas entre empresas e indivíduos, baseadas em privacidade e respeito, onde sempre que existir criação de valor todos ganham e onde as empresas só pagam se o objectivo de negócio for cumprido».

Eduardo Pinto Basto, co-fundador da Modatta, conhece Rodrigo Moretti desde o curso de Engenharia Informática: sempre tiveram «vontade de ter um negócio próprio». A ideia de criar a startup surgiu em 2018, quando o RGPD estava a ser implementado nas empresas. O responsável explica como tudo começou: «Tendo os dois um interesse enorme em blockchain, e na economia digital, apercebemo-nos de que tínhamos todos os ingredientes necessários para repensar a forma como as empresas utilizavam dados pessoais, colocando os indivíduos como peça central da solução, e potenciando a capacidade das empresas de encontrar e interagir com os seus potenciais clientes. Quisemos, assim, transferir para os utilizadores a decisão de deixar – ou não – que as empresas usem os seus dados e beneficiar directamente com isso».

Empresas e a segurança são também centrais
Eduardo Pinto Basto esclarece que a Modatta permite que as empresas criem campanhas de marketing digital e «façam uma segmentação da potencial audiência». Por outro lado, as marcas podem ter acesso a «geração de insights e de datapoints on demand, compra de datasets com consentimento». As empresas beneficiam também de «um maior controlo sobre o seu retorno sobre o investimento, uma vez que só pagam pelas interacções finalizadas», refere.

Para a garantir a segurança, além dos dados serem armazenados no dispositivo do utilizador, Rodrigo Moretti salienta que a «startup utiliza criptografia avançada em todas as comunicações». As interacções «são acompanhadas de um formulário de consentimento que explica, de forma clara e simples, que dados serão utilizados, por quem e por que motivo».

A Modatta também permite às empresas «aprender com os utilizadores através de questionários, cujos resultados poderão, depois, ser usados para retargetting», revela Rodrigo Moretti.

De Portugal para o mundo
O co-fundador refere que a internacionalização está nos planos da Modatta: «Queremos chegar a Espanha, à Alemanha e ao norte da Europa já durante o próximo ano. Depois disso, abrir para o resto da Europa e partir para destinos como Reino Unido, Brasil e Estados Unidos».

Neste momento, a empresa tem «quatro campanhas activas» e está «a preparar campanhas para serviços digitais, seguradoras, cadeias de ginásios, lojas de retalho online e marcas internacionais com forte presença em Portugal», diz Eduardo Pinto Basto. Sobre o futuro, o responsável afirma que passa por uma ronda de financiamento: «Estamos neste momento a trabalhar com os nossos parceiros numa ronda de investimento de dois milhões de euros, que nos dará capacidade de acelerar o nosso plano de entrada e expansão de mercado. Temos como objectivo chegar a mais de 250 mil utilizadores em Portugal, até ao final deste ano, e atingir a meta de um milhão de utilizadores antes do final de 2022».