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Liderança, conhecimento e competências são os principais obstáculos à transição digital da indústria

A Bold By Devoteam organizou uma mesa redonda para debater a transição digital no sector. Aqui, ficou claro que, em Portugal, o caminho para uma indústria 4.0 ainda está a ser percorrido pela maioria das empresas. O conhecimento tecnológico, as competências e liderança foram considerados os maiores entraves à digitalização do sector.

Possessed Photography/Unsplash

No evento ‘Roundtable: A Transição Digital no Setor da Indústria’, que decorreu online, João Caldas, head of OutSystems global partnership na Devoteam, fez uma descrição da situação actual da digitalização do sector industrial nacional. No ano em que faz dez anos que o termo ‘indústria 4.0’ foi criado, o responsável citou o estudo World Trade Report da COTEC, publicado no ano passado, em que Portugal ocupa o décimo-segundo lugar da Europa relativamente ao índice de adopção da indústria 4.0 e referiu que a ambição do País é «posicionar-se no grupo de líderes até 2030».

João Caldas salientou ainda que no final deste ano serão conhecidos os resultados do programa estratégico ligado à transformação digital da indústria que «teve investimentos públicos e privados no valor de seiscentos milhões de euros» e tinha como objectivos «envolver vinte mil empresas, formar mais de duzentos mil trabalhadores e financiar mais de 350 projectos transformadores».

Um caminho a percorrer
Na mesa redonda, Américo Guerreiro, IT business relationship manager & head of cybersecurity na EFACEC, explicou que «caminho da transição digital está a ser feito, mas ainda há muito a fazer» e Sérgio Almeida, director de tecnologias de informação na OGMA, salientou que «tem havido uma aceleração com foco no cliente e na competitividade» que «não vai parar» já que «a sobrevivência da indústria depende disso».

Já Paulo Gaspar, CIO no Grupo Lusiaves, disse que «as empresas do sector estão finalmente a acordar para a importância da aplicação de software e sistemas para automatizar e sistematizar as operações», algo que na sua organização já está a acontecer há cinco anos. Rui Pereira, co-fundador e vice-presidente da OutSystems, esclareceu que considera que a indústria se move de «forma lenta» e explicou que «historicamente não é um sector muito ligado à adopção das últimas novidades tecnológicas»; por isso, normalmente, as empresas têm «soluções mais básicas». Américo Guerreiro destacou também a importância para a economia: «Quando a indústria 4.0 for uma realidade em todas as empresas, isso será bom para a re-industralização do País, pois passará a ser rentável ter indústria em Portugal».

Os principais desafios
O responsável da Devoteam sublinhou que, de acordo com um estudo feito pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto e que está em linha com outras investigações internacionais, os principais obstáculos à transição digital da indústria são «o acesso ao financiamento, a falta de conhecimento tecnológico e competências associadas e uma a cultura organizacional e capacidade de visão inadequadas». Paulo Gaspar alertou que um dos desafios é a «integração dos sistemas, em especial em empresas maiores» como é o caso da Lusiaves, «que têm diversas unidades de negócio». Por outro lado, Rui Pereira revelou que «as lideranças são um entrave» e acredita que «líderes mais jovens e com know-how tecnológico» darão maior «agilidade cultural» e «serão vitais para a indústria ser mais inovadora e competitiva».

Sérgio Almeida destacou que «é preciso que os departamentos de TI tenham as ferramentas necessárias para alavancar a transformação digital, o que nem sempre acontece» e «a necessidade das áreas tecnológica e de gestão estarem alinhadas para seguirem o caminho da transformação digital».