O estudo da da Capgemini e da Efma, que analisa o mercado da banca e as startups financeiras em 33 mercados, entre os quais Portugal, demonstra que o sector das fintech registou um crescimento de 11% no quarto trimestre de 2020 face ao período homólogo do ano passado. Isto acontece depois de quatro anos consecutivos com resultados negativos.
Apesar dos resultados financeiros positivos, a pandemia revelou também as vulnerabilidades destas empresas: 51% das inquiridas esperam que as suas reservas de capital venham a ser afectadas pelos custos decorrentes do recrutamento, onboarding, do armazenamento de dados (que aumentaram substancialmente durante o confinamento) e os riscos/gastos acrescidos com a segurança.
Analisando por segmento, as fintechs B2C, que funcionavam normalmente com produtos e serviços de desintermediação bancária, estão a mudar e a fazer «cross-selling para impulsionar oportunidades de negócio a longo prazo e passar de produtos e serviços de separação para produtos e serviços de agregação». Um dos exemplos dado é o da Revolut, que oferece agora serviços de criptotrading, de compra e venda de acções e contas poupança. Mas as fintechs B2B estão gradualmente a crescer e a atrair os investidores, na Europa, o financiamento de fintechs B2B já superou o das B2C – de Janeiro a Outubro de 2020, as primeiras atingiram uma quota de cerca de 80% do financiamento total (6,3 mil milhões de euros).
A adopção de modelos digitais em todo o mundo nos serviços financeiros, não só fez aumentar as receitas das fintechs como fez com que ganhassem relevância face aos bancos. O estudo propõe ainda uma abordagem em quatro etapas para as fintechs que querem crescimento e rentabilidade a longo prazo: «Diversificação de produtos para atrair uma base de clientes mais ampla; estruturação do ecossistema para criar mais pontos fortes; monetização dos serviços, das funcionalidades ou dos dados; e expansão para novos mercados».
Bancos devem apostar em filiais digitais
O World FinTech Report 2021 revela ainda que 25% dos consumidores procuram serviços mais rápidos, personalizados, convenientes e estão inclinados a experimentar os produtos dos novos players do sector financeiro. No entanto, os inquiridos ainda preferem a banca tradicional e 68% dizem querer experimentar uma oferta exclusivamente digital gerida pelo seu banco.
Os bancos tradicionais devem capitalizar os seus pontos fortes, ou seja, alcance global e confiança dos clientes e melhorar os sistemas de TI e a experiência do cliente, que são vistos como pontos fracos, para se manterem relevantes no mercado. A Capgemini diz que, num contexto em que as fintech continuam a ganhar influência e quota de mercado, os bancos tradicionais «precisam de avançar para modelos híbridos, modernizando as suas operações administrativas de middle e de back office, e criando várias entidades exclusivamente digitais para servirem segmentos de clientes específicos», ou seja, filiais digitais. Este caminho é já reconhecido pela banca no relatório. Assim, 63% dos gestores dos bancos afirmaram que uma filial exclusivamente digital permite oferecer serviços bancários universais; 50% referiram que as filiais digitais permitem lançar no mercado os novos produtos mais rapidamente; e 52% acham que as agências digitais facilitam a colaboração com todo o ecossistema financeiro.
No entanto, há ainda barreiras como fricção cultural (48%), a falta de apoio a longo prazo da sede (47%) e a relutância em adoptar uma estratégia que canibalize a curto prazo a base de clientes da sede (43%).