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Web Summit: startups consideram que o digital continuou a permitir networking

A conferência criada por Paddy Cosgrave realizou-se, este ano, num formato totalmente online, caso quase único em eventos com a dimensão do Web Summit. Mas terá este formato o mesmo impacto ao nível do networking, uma das mais-valias do evento?

Sam Barnes/Web Summit

Para as startups, parece existir uma mistura de sentimentos quanto ao novo formato, mas as que responderam à businessIT consideram que foi uma boa alternativa ao cancelamento e que foi possível fazer bastante networking.

Para Diogo Gonçalves, marketeer, sales manager & media content producer da Sound Particles, «a plataforma digital estava muito bem construída e permitiu aos seus utilizadores um excelente acesso à possibilidade de conectarem-se com outras pessoas e empresas». O responsável salienta que por isso houve um «aumento da quantidade de contactos bem-sucedidos». No entanto, «a qualidade desses contactos poderá não ser a mesma que poderia ser obtida num encontro cara-a-cara onde a empatia é evidentemente mais fácil de se criar».

Já Jane Hoffer, CEO da GoWithFlow, esclarece que o digital «pode ser uma forma mais eficiente» de netwoking já que se «pode contactar directamente mais attendees». Por outro lado, a responsável considera que «não há pressão para tentar encontrar fisicamente alguém» e «há a liberdade de fazer uma apresentação, que pode ser seguida mais tarde, com mais atenção» pelos investidores.

Com uma opinião contrária, está Bruno Araújo, CEO da Comparamais, que considera que «quem vai procurar investidores terá sempre tarefa dificultada» neste formato. O empreendedor explica que, no ano passado, «foi mais fácil fazer apresentações, aproveitando pausas ou eventos pós-Web Summit específicos para desenvolver algumas oportunidades de negócio» e que «este ano foi mais difícil porque os investidores já estão vacinados contra o spam que recebem na caixa de entrada da app e tentam não aceitar muitas ligações». O responsável diz ainda «que alguns dos elementos de networking online, como por exemplo, o Mingle (que permitia conversa de três minutos entre duas pessoas escolhidas de forma aleatória) tem potencial para ser desenvolvido em ferramentas interessantes a longo prazo».

Ao nível dos investidores, Alexandre Barbosa, managing partner da Faber, que participa na conferência desde 2013, refere que a organização «conseguiu oferecer formas eficientes e eficazes de networking e contacto com startups». O investidor explica como a Faber viu o evento: «Tivemos oportunidade de estudar e contactar com várias startups de forma eficiente, bem como aprofundar contactos com investidores em fundos».

Balanço é positivo
Os empreendedores e o investidor fazem um balanço positivo do evento digital; polémicas do financiamento e da exclusividade à parte, esperam que para o ano se regresse à normalidade.

O responsável da Sound Particles considera que a grande vantagem foi «a facilidade em conseguir assistir a um maior número de talks», pelo que foi «possível absorver muito mais informação que aquela que teria sido absorvida no evento físico». Bruno Araújo também habituado ao Web Summit presencial, dá os «parabéns» à organização «pelo esforço», mas deixa algumas críticas: «Comparado com o formato presencial, torna-se mais fácil uma pessoa ausentar-se. Notei isso muito em alguns roundtables entre investidores e startups onde estava previsto aparecerem dez e só apareceram três ou cinco. No ano passado, ninguém faltou. Os problemas técnicos nestas reuniões também causaram uma discussão menos natural e com mais paragens».

Jane Hoffer é uma “novata” na conferência, apesar do seu longo percurso na área do empreendedorismo. Como tal, a CEO está muito habituada a grandes eventos presenciais, e diz ter ficado «muito impressionada», mas destaca que «não há a mesma energia». No entanto, revela que é «mais fácil de gerir» já que se «pode escolher o que quer ver sem se preocupar em chegar lá». A responsável destaca ainda o «trabalho de desenvolvimento tecnológico» da organização.

Outra das vantagens do digital foi o preço: as startups que pagaram o valor total, quando ainda não se sabia que não ia existir um evento presencial, terão acesso directo à próxima edição – as empresas também acabaram por poupar em viagens e no alojamento. Bruno Araújo, diz que este formato permitiu uma presença diferente da startup: «Duas pessoas da nossa empresa participaram desde Portugal, e outra do estrangeiro. Com o evento presencial seria mais caro».