Com o regresso das pequenas e médias empresas à actividade, a Sage quis mostrar como é que as organizações portuguesas se podem preparar para os tempos de crise e dar pistas para a retoma.
Bruno Bobone, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa, explicou a importância da tesouraria dizendo que «a liquidez é o ar das empresas» e por conseguinte vital para a sobrevivência das mesmas. Quando há uma crise de liquidez «precisamos de cuidados intensos para conseguir ultrapassar isso», fazendo uma analogia à doença que tem levado milhares de pessoas às UCI dos hospitais.
O responsável da CCIP esclareceu que a pandemia criou «medo», medo esse que foi «útil para manter os portugueses em casa» e ajudar a que o SNS não entrasse em colapso; contudo, agora há que «ter coragem para retomar a actividade» e «recuperar a economia».
Sobre os apoios da União Europeia, Bruno Bobone defendeu que a ideia de os empréstimos são melhores que ter as empresas a receber dinheiro, porque considera que as contrapartidas vão ter «custos maiores» já que «ninguém dá nada sem troca». Como exemplo, Bruno Bobone disse que, há alguns anos, «os subsídios europeus levaram à destruição do tecido empresarial e da competitividade agrícola».
Sobre a retoma, o presidente salientou que «há muitas empresas que não vão ser capazes de continuar», mas que «o espaço está lá e outros podem surgir no seu lugar». Apesar de esta situação não ser «justa» é «boa para a economia» e pode ser uma vantagem» para recuperação.
Bruno Bobone considera, também, que a transformação digital vai ajudar o País a ultrapassar a crise: «Demos passos enormes na digitalização e ganhamos uma competência nas tecnologias que é fundamental para aumentarmos a nossa competitividade». O presidente deixou uma mensagem bem clara de que é preciso uma mudança: «Temos de nos preocupar com uma mudança radical e espero que esta crise traga uma economia que se preocupe com uma maneira de viver melhor e com mais qualidade para as pessoas, já que esse deve ser o grande objectivo da economia».
Aprender com o passado
João Afonso, treasury manager da Vodafone Portugal, explicou a importância das empresas terem um plano de continuidade de negócio na gestão de tesouraria com «as necessidades e os processos descritos e com planos alternativos» para continuar a «operar dentro da normalidade possível». Além disso, o responsável disse que as organizações devem «aproveitar a oportunidade para implementar medidas e processos para evoluir para uma tesouraria mais digital e menos focada no papel».
«Aprender com as crises passadas pode ajudar antecipar medidas para que que os impactos económicos sejam menores», disse Nuno Cabrita, presales specialist da Sage. O responsável revelou que o papel do Governo «mais activo nesta crise», com medidas como o layoff, foi importante para o «défice de liquidez das empresas portuguesas fosse mais baixo» e acrescentou que a «actual crise vai acelerar o processo de transição para uma maior digitalização e centralização das gestão de tesouraria» e que a Sage pode ajudar as empresas nesses processos.