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Portugal está atrasado no 5G mas a Ericsson está «preparada» para o lançamento

A Ericsson revelou a sua estratégia em relação ao 5G. Num encontro com jornalistas, Luis Silva, presidente executivo da tecnológica em Portugal, disse que a empresa está «totalmente preparada» para avançar com a implementação da quinta geração da rede móvel no País.

Manuel Geissinger/Pexels

A Ericsson comemora 66 anos em Portugal, um mercado onde tem trezentos colaboradores e actua em duas grandes áreas: redes e serviços digitais. A empresa é parceira dos operadores de telecomunicações e está a preparar a chegada do 5G desde 2017, tecnologia onde é líder de registo de patentes no mundo, de acordo com a consultora Bird&Bird. A Ericsson desenvolveu diversos testes e use cases em todo o mundo e tem já 76 contratos comercias de 5G, dos quais 23 são já redes activas.

5G é diferente
A quinta geração não é «só uma questão de tecnologia», mas de «competitividade, nomeadamente nos verticais como a energia, a agricultura, a indústria», revelou Luis Silva.

A diferença entre o que existe actualmente, ou seja, o 4G e a nova rede é a velocidade, «que será até cem vezes superior para o utilizador final», permitir mais dispositivos ligados, o que será «essencial para o crescimento explosivo do IoT (Internet das Coisas)» e a fiabilidade que possibilitará usar «serviços críticos» como por exemplo, na segurança e na saúde, explicou Luis Muchacho, networks pre-sales lead da Ericsson Portugal.

Mas o factor «fundamental e disruptivo», conforme destacou o responsável, é a questão do tempo de resposta mas rápido, ou seja, «uma latência mais baixa» que vai permitir novos casos de uso, especialmente ao nível industrial. Alguns exemplos dados foram a possibilidade de um só operador conseguir controlar diversas máquinas e fábricas sem cabos que podem mudar de disposição conforme a produção.

Luis Muchacho acrescentou ainda que o 5G «não é só rede core, não é só espectro, não é só rádio, é um conjunto de redes e é uma evolução do 4G». A novidade da nova rede é o «slicing» que permite que a rede seja «programável e virtual de ponta-a-ponta», o que permite adaptar e ter uma rede para cada tipo de utilização.

Portugal está atrasado
Já tinha sido dito no congresso da APDC (cuja a reportagem poderá ler nesta edição), que Portugal está atrasado em relação ao 5G. Luis Silva mostrou-se preocupado pelo País não estar na linha da frente na implementação da quinta geração da rede móvel ao contrário do que aconteceu com o 4G, onde Portugal «esteve adiantado cerca de dois anos em relação aos principais países da Europa». Luis Silva fez uma analogia com o país-vizinho: «Não temos ainda as frequências atribuídas, enquanto em Espanha até existem operadores a oferecer o serviço comercialmente».

No entanto, o responsável assegurou que, em termos tecnológicos, a empresa está pronta: «Estamos totalmente preparados para avançar com a implementação do 5G em Portugal».

Apesar de Portugal não estar na primeira vaga, Luis Muchacho revelou que a Ericsson está optimista: «Acreditamos que Portugal terá 5G no próximo ano» – espera-se que o leilão de atribuição dos espectros seja feito até Abril de 2020.

O presidente executivo acredita que esta temática deve ser vista «como um projecto nacional, já que faz parte do trajecto de digitalização de Portugal e não é só um projecto tecnológico». O CEO explica porquê: «Não sendo nós um País de grande dimensão devemo-nos distinguir com argumentos como a inovação e pela competitividade»; e é essa capacidade que o 5G vai trazer. Este facto é corroborado pelo responsável de pre-sales da Ericsson: «O 5G vai servir para alavancar a indústria, a transformação digital e permitir que os clusters tecnológicos possam fazer experimentação de casos de uso para inovar».

Mercado apelativo
Segundo um estudo da Ericsson e da Arthur D. Little, que analisou o potencial mercado digital e o impacto nas tecnológicas, o 5G corresponderá a 1350 mil milhões de euros, em 2030, ou seja, cerca de 39% de todo o mercado. Destes «636 mil milhões estão relacionados com o mercado endereçável pelos operadores de telecomunicações», explicou Nuno Roso, head of digital Services da Ericsson Portugal.

No mercado nacional, «o impacto do 5G deverá chegar aos 4 mil milhões de euros, com algumas áreas de negócio a destacarem-se, nomeadamente a saúde, indústria, energia e utilities», disse o responsável. Mas há potencial para diversos casos de uso em Portugal, como esclareceu: «É fácil imaginarmos aplicações do 5G na área do turismo, nos portos, pesca, entre outras, e melhorar a vida dos portugueses».

Treze milhões de subscrições 5G em 2019
A Ericsson aproveitou a presença dos jornalistas para apresentar também a última edição do Mobility Report. De acordo com o estudo, a taxa de penetração mobile no mundo é de 104%, ou seja, em média há mais que um dispositivo por cada pessoa.

Em relação ao 5G, a empresa prevê que, até ao final do ano, existirão treze milhões de subscrições e 2,6 mil milhões em 2025. Luis Muchacho referiu que os países asiáticos, em especial a Coreia do Sul e a China, os EUA e a Europa serão os grandes responsáveis pela «explosão do 5G».

O Relatório de Mobilidade da Ericsson estima ainda um aumento do tráfego de dados mensal médio por smartphone de 7,2 GB para 24 GB até ao fim de 2025, e que o 5G abrangerá 65% da população mundial. Dentro de seis anos, a nova rede móvel será responsável por 45% do tráfego global de dados móveis correspondendo a 160 exabytes de dados mensais. A grande tendência será o vídeo com 75% do tráfego gerado, quando actualmente, este valor ronda os 63%.

Prevê-se, ainda, um número total de ligações móveis de IoT de 5 mil milhões até ao fim de 2025, em relação aos 1,3 mil milhões que serão registados até ao final de 2019, o que representa uma taxa de crescimento anual de 25%. As tecnologias Narrowband IoT e Cat-M (ligações LTE de segunda geração usadas maioritariamente nos EUA) representarão 52% destas ligações móveis de IoT.