Europa “harmoniza” a banda
Entretanto, também no início do ano, a Europa adoptou uma decisão de harmonização da banda do espectro de rádio na faixa 3,4 a 3,8 GHz que os países da UE devem reorganizar até final de 2020. A Comissão Europeia explicou que esta decisão de harmonização é necessária para a utilização destas faixas do espectro no 5G e vai acelerar a adopção das novas redes, coexistindo com as outras bandas que foram reservadas para a rede móvel de nova geração, nomeadamente os 700 MHz e os 26 GHz.
Em comunicado, o executivo europeu realçou que a decisão é baseada nos princípios da neutralidade tecnológica e de serviço, e que não há nenhuma exclusividade no uso dos 3,6 GHz face às outras faixas que são pioneiras.
Em 2022 já deve haver 5G real
Em Portugal, a consulta pública realizada pela Anacom, aprovada em Julho de 2018, já prevê a utilização deste espectro. A intenção é que também a banda dos 26 GHz seja alvo de uma harmonização semelhante, esperando-se que os 700 MHz sejam disponibilizados na União Europeia até meados de 2020.
No ano passado, e ainda em Portugal, foi adoptado o Código das Comunicações electrónicas que será transposto até meados de 2020. Nesse ano, cada Estado-Membro deve ter, pelo menos, uma cidade com cobertura 5G nos 700 MHz e a infra-estrutura das redes de nova geração deve avançar até 2025, apesar de existirem já alertas dos operadores para a necessidade de repensar o modelo económico de atribuição de licenças.
Luís Correia, professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa na área dos Sistemas de Comunicações Móveis, explica que, basicamente, o 5G está numa fase de «concretização». A fase de normalização já está concluída no que diz respeito à parte de rádio, estando agora a terminar a parte de redes. «Espera-se que em 2020 já haja telefones que possam comunicar em 5G e, da parte das redes, espera-se que seja possível a partir de 2021 ou 2022. Ou seja, o processo do verdadeiro 5G deverá estar por essa altura disponível».
Operadores têm de investir
Do que depende esta disponibilidade? Para o professor depende muito dos planos de investimento dos operadores. «Mas a pressão que estes [operadores] têm sofrido para provar que estão na crista da onda da tecnologia tem sido enorme. A corrida para mostrar tecnologia para prestar melhores serviços aos clientes vai continuar a existir. Penso que, à parte das questões de investimento, não vejo razões para Portugal não seguir a agenda de outros países, nomeadamente os europeus».
O 5G, mais que para o mercado residencial e particular, vai fazer diferença no mercado empresarial, diz Luís Correia. Além da óbvia maior largura de banda, com ritmos mais elevados de transmissão dados, o 5G vai reduzir o atraso nas comunicações, com grande impacto no IoT e aumentar a capacidade do número de dispositivos ligados à rede. «Das três dimensões de expansão do 5G, duas delas são claramente voltadas para as empresas». Ou seja, a profecia vai ser cumprida, catapultando o mercado de infra-estrutura de 5G para os 23 mil milhões de euros já em 2022.