Expectativas elevadas
É compreensível que, tanto os fornecedores de 5G, como os seus futuros clientes, estejam entusiasmados com as perspectivas da nova tecnologia. Os especialistas garantem que o 5G promete trazer velocidades de cerca de 10 Gbps para os telefones móveis. Ou seja, suficientemente rápido para descarregar um filme 4K em segundos. Se ligarmos estas velocidades rápidas para empresas de dados, assistência médica e veículos autónomos, o céu passa a ser o limite. Pelo menos até à chegada do 6G.
Mas, para já, a realidade é que o 5G conta com sinais de ondas milimétricas, que não podem viajar tão longe quanto os usados nas redes 4G actuais. Portanto, uma rede 5G requer um número substancialmente maior de pontos de acesso. As operadoras de telefone móvel precisam de investir numa infra-estrutura totalmente nova para distribuir o verdadeiro 5G aos seus clientes com algum grau de consistência.
Há que empatar tempo
O problema é que as operadoras que querem “empatar” tempo necessário para criar essa rede estão a recorrer a grandes promessas e a algumas mensagens confusas sobre como é que as suas novas ofertas 5G vão ser apresentadas.
Numa carta aberta escrita pelo director de tecnologia da Verizone Kyle Malady, com o título ‘Quando dizemos 5G, queremos dizer 5G’, a empresa assumia um compromisso: «Não iremos pegar num telefone antigo e apenas mudar o software para transformar o ‘4’ na barra de estado para um ‘5’». Esta declaração era claramente direccionada à concorrente AT&T, empresa que este ano actualizou o software em três smartphones para mostrar ‘5GE’ na barra de estado do telefone, quando ainda não há 5G.
A AT&T veio logo explicar que o ‘E’ significa «evolução» e deve sinalizar velocidades mais rápidas. No entanto, essa linguagem não corresponde à especificação ‘5G’ global estabelecida pelo 3GPP.
Ou seja, neste momento, e apesar de todo este encanto de 5G – e veremos nos próximos meses os fabricantes de equipamentos a acelerarem os seus anúncios neste sentido – há que ter em atenção que todos esses dispositivos vão precisar de uma rede 5G para funcionar. E, mesmo que essas redes ofereçam algum nível de interoperabilidade, as que surgirem este ano, provavelmente, estarão sobrecarregadas com algumas tech.
China lidera mundo 5G
Segundo a consultora Analysys Mason, a China lidera a corrida de desenvolvimento do 5G, à frente da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Este trio, juntamente com o Japão, engloba os países mais comprometidos com o desenvolvimento da tecnologia, segundo uma pesquisa que avaliou as acções empreendidas por empresas e as políticas públicas em dez países. Os mercados europeus (França, Alemanha e Reino Unido) aparecem num segundo plano, pelo menos nesta análise; Singapura, Rússia e Canadá fazem parte do terceiro grupo.
Segundo o documento, a China deve o seu forte avanço, tanto a uma «política governamental proactiva», como ao «impulso proveniente do sector», já que todas as grandes empresas do sector – com a Huawei na frente da “luta” – se comprometeram com datas de lançamento e o governo com as atribuições de frequências aos operadores.