Mais de 2,4 mil milhões de euros foram investidos em cerca de dez anos pela União Europeia, através do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), no apoio a ideias inovadoras. Os prémios de 2018 foram atribuídos em Budapeste.
Este ano, o Innoveit Forum, que decorreu na cidade de Budapeste, distinguiu quatro projectos com prémios que variam entre os vinte e os cinquenta mil euros. Ioannis Tamanas, presidente da Altoida, levou para a Grécia o primeiro prémio ao apresentar uma aplicação que dá uma previsão da doença de Alzheimer para pessoas com mais de cinquenta anos, com uma precisão de mais de 90%. O projecto foi lançado em 2016 e financiado com trinta milhões de euros de subsídios e 1,2 milhões de euros de capital de risco.
O belga Bieke Van Gorp também ganhou cinquenta mil euros. Este foi o valor monetário do ΕΙΤ Venture Award que distinguiu a FibriCheck, uma aplicação que prognostica a fibrilação auricular, uma das causas mais comuns de derrames. Além disso, foram entregues vinte mil euros a duas mulheres. Isabel Hoffman, venceu o EIT Woman Award com um dispositivo que verifica a qualidade dos peixes consumidos; Simone Accornero conquistou o mesmo galardão com um software que usa tecnologia blockchain em troca de dados energéticos.
O EIT Public Award, entregue após uma votação pública online (com mais de oito mil votos) foi entregue a Laura Soucek, pioneira numa terapia para o cancro baseada em peptídeos, substâncias naturalmente produzidas no nosso organismo que podem ser também sintetizadas em laboratório. Não houve projectos portugueses a concurso.
Casos de sucesso
Durante dez anos de funcionamento, a EIT deu origem a mais de seiscentos produtos e serviços: alguns deles acabaram como curiosas histórias de sucesso, como a Estonia Skeleton Technologies, que hoje tem já cem funcionários, e que produz uma nova geração de baterias que são usadas para programas espaciais.
Outro exemplo é a NAVYA (França) que criou um veículo eléctrico totalmente autónomo, financiado com 34 milhões de euros e registado para um IPO na Euronext. Mas a União Europeia ainda está relativamente atrasada no que diz respeito à criação de “unicórnios”, um “campeonato” ganho principalmente por norte-americanos e chineses. Hoje a Europa terá cerca quarenta “unicórnios” – três são portugueses -, pelo que há ainda um longo trajecto a percorrer.
Em conferência de imprensa, Dirk Jan van den Berg, presidente do conselho de administração do EIT congratulou o facto de, em apenas dez anos, o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia ter crescido de uma organização em fase de arranque para se tornar na rede de inovação mais forte da Europa. «Os vencedores deste ano não são apenas prova de que o EIT está no caminho certo, mas de que é uma organização madura, pronta para avançar mais. A Europa precisa de mais ambição para a sua economia inovadora». O CEO garante que a EIT tem as competências e uma próspera rede para fazer a inovação acontecer».
Na mesma cerimónia, Tibor Navracsics, Comissário da Educação, Juventude e Desporto, responsável pelo EIT, explicou que, através deste instituto, a UE investiu em empreendedores em toda a Europa, construindo aquilo que adjectivou de «uma rede única», ajudando a criar uma cultura empreendedora e fornecimento de apoio crítico à medida que os empreendimentos se expandem globalmente. «O EIT Awards é uma prova disso, e os nomeados e vencedores são embaixadores dos talentos inovadores da Europa».
Objectivo é promover a inovação
O EIT, que celebra este ano o seu décimo aniversário, é um órgão da UE independente, com sede em Budapeste, que promove a capacidade de inovação da Europa e tem como objectivo apoiar aos objectivos da UE de criar um crescimento económico sustentável e empregos, permitindo que empresários e inovadores transformem as suas melhores ideias em produtos e serviços para a Europa.
O organismo promove talentos empresariais e apoia novas ideias, reunindo o «triângulo do conhecimento» de empresas de vanguarda, universidades e centros de investigação para constituir parcerias transfronteiriças dinâmicas, as Comunidades de Inovação (CCI – Comunidades do Conhecimento e da Inovação [Knowledge and Innovation Communities – KIC]).
O EIT é parte integrante do Horizonte 2020, o programa-quadro da UE para a investigação e a inovação. Actualmente são seis as comunidades de inovação: clima, digital, energia, matérias-primas e alimentos.