A coexistência pacífica entre a energia e o digital foi a principal mensagem passada pela Schneider Electric no Innovation Summit. O evento decorreu em Paris e serviu de palco para a apresentação da plataforma ‘Ecostruxure’.
Às vezes temos “tendência” a esquecer que, na base de tudo, continua a estar a energia, a electricidade. Sem ela, não há Inteligência Artificial, não há IoT, não há automação ou digitalização. Jean-Pascal Tricoire, CEO do grupo Schneider, fez questão de relembrar este “petit” pormenor na abertura do Innovation Summit, que decorreu em Paris e acolheu cerca de cinco mil clientes, parceiros, jornalistas e analistas de todo o mundo.
Na sessão de abertura do evento, o executivo assume, no entanto, que para além da já dada por garantida energia, o digital é igualmente outro dos pilares da sociedade. Dois elementos cuja coexistência sustenta a razão de ser do Schneider Electric Group, disse Jean-Pascal Tricoire. Uma frase perfeitamente ilustrada nos resultados da empresa. É que, apesar das origens da Schneider Electric remontarem a 1836, hoje, 45% da sua facturação – que em 2017 foi de 24,7 mil milhões de euros – já é proveniente da área de negócios IoT. «As tecnologias disruptivas da economia digital estão a desafiar as empresas a pensar e agir de maneira diferente», comentou Jean-Pascal Tricoire.
Electricidade está em plena revolução
Há 32 anos que Jean-Pascal Tricoire trabalha na Schneider Electric, tendo testemunhado, por isso, a «enorme evolução da electricidade», sector que considera estar «em plena revolução». Basta atentarmos ao mercado automóvel, comentou. Diz o CEO que nos próximos anos a maioria dos transportes serão eléctricos. «Acho que ninguém tem noção da magnitude deste terramoto. Hoje, este sector é responsável por mais de 30% do consumo global de energia, pelo que será uma brutal migração. Mesmo que apenas metade dos veículos se tornem eléctricos, é a maior migração energética ocorrida em décadas».
Eficiência energética e digital
Considerando que «o presente já é digital», «materializado pela Inteligência Artificial e pela Internet das Coisas», Jean-Pascal Tricoire garante que outros conceitos e tecnologias, como a blockchain, vão consumir «imensa energia». Aliás, o CEO diz ser completamente subestimado o facto de as TI serem responsáveis por 10% do consumo global de electricidade. O consumo eléctrico no sector tecnológico deverá aumentar 20% a cada ano, segundo dados divulgados na cerimónia de abertura.
Para impulsionar toda esta nova economia digital, a multinacional francesa apresentou a mais recente descoberta tecnológica do grupo, que combina «eficiência energética e eficiência digital». A ‘Ecostruxure’ foi amplamente explanada no evento, sendo explicada como uma plataforma tecnológica interoperável que combina energia, automação e software. «Traz valor acrescido ao nível da segurança, fiabilidade, eficiência, sustentabilidade e conectividade e utiliza os avanços em IoT, mobilidade, sensores, cloud, analítica e cibersegurança para oferecer inovação a todos os níveis, desde os produtos conectados e Edge Control até aplicações analíticas e serviços». A empresa divulgou que o ‘EcoStruxure’ já foi implementado em mais de 480 mil instalações, com o apoio de mais de 20 mil integradores de sistemas, que agregam mais de 1,5 milhões de dispositivos.
Portugal cresceu mais do que Europa
Cá por “casa”, João Rodrigues, country manager da Schneider Electric em Portugal, apesar de não divulgar qualquer número, explicou à margem do evento que o negócio nacional «cresceu acima do negócio da Europa». Para isso terá contribuído o dinamismo do mercado imobiliário, nomeadamente da reabilitação urbana, o turismo, a modernização industrial, aumento das exportações nacionais e do investimento privado.
Para os próximos anos, João Rodrigues admite que a gestão de redes de energia será uma das principais oportunidades de negócio, num momento em que o sector energético está muito dinâmico, com a construção de novas redes e necessidades de modernização das linhas eléctricas já existentes. Os principais clientes da Schneider Electric em Portugal são as grandes empresas do sector da energia, como o grupo EDP e a Galp, para além de players da indústria, como a Navigator Company, de resto marcas presentes no evento.
O responsável nacional da empresa de gestão de energia e automação avançou terem ganho recentemente novos contratos. E, apesar de na altura não ter divulgado o nome do cliente – não tinha ainda autorização de comunicação –, mais tarde confirmou ao Dinheiro Vivo ser a Galp Distribuição, à qual vai fornecer equipamentos para modernização da rede, aportando-lhes “inteligência”. Aliás, entre muitas outras, a maior área de negócio em Portugal é o fornecimento de equipamentos de baixa tensão para edifícios e indústria. «Não queremos que a Schneider seja conhecida como uma empresa que olha apenas para o lado do investimento, da construção do novo. A Schneider quer estar com os seus clientes na construção e na exploração. Queremos estar com eles a 20 ou 30 anos».